domingo, 29 de dezembro de 2019

UM APLAUSO PARA AQUELES QUE PERMANECEM CONOSCO APESAR DE TUDO


Aplausos para aqueles que estiveram nos bons e maus momentos, para aqueles que sempre nos trouxeram um sorriso, para aqueles que conhecem nossas luzes e nossas sombras e que permanecem apesar de tudo.

Aplausos porque representam aqueles valores que hoje são tão escassos, refletindo aquele ponto em que o interesse é libertado do egoísmo e se torna sincero e autêntico.

São essas pessoas que não nos culpam pelo que dói lembrar, que nos ajudam a recuperar o fôlego e que cruzam seus olhos incansáveis para encontrar nossa cumplicidade.

São aqueles que nos perdoam a falta de pontualidade em suas vidas e que nos esperam do outro lado nos momentos de sacrifício, de desafio, de trabalho sem fim e fadiga. Graças à sua confiança, poderemos seguir caminhos que ainda não acreditamos poder sonhar.

As pessoas que permanecem ao nosso lado, as pessoas que gostamos
O destino coloca muitas pessoas em nossas vidas, mas apenas algumas delas permanecem. Não precisa ser fisicamente, podemos estar a milhares de quilômetros de distância e os desígnios da vida podem nos afastar; no entanto, existem pessoas com quem temos um vínculo especial que não pode ser quebrado.

São essas pessoas de aço inesquecíveis, nosso abrigo, nosso refúgio, para os quais podemos sempre nos voltar, pois teremos garantidos os seus abraços que encolhem nossa alma e expandem o calor dos corpos.

Elas nos unem por um laço sincero que nos cura e não nos magoa. Geralmente são pessoas que sabem assumir as consequências de suas ações, que nos dão seus sorrisos sempre que podem e que oferecem suas mãos sem exigir nada em troca.

Todos elas merecem o nosso reconhecimento porque, apesar de tudo e de todos, nunca nos abandonaram. Não importa quão ingratos sejam a nossa companhia, elas são os que permaneceram, lutando de maneira genuína porque entendemos que tínhamos um ombro para chorar ou, pelo menos, apoiar.

Há muitas maneiras de dizer “você não está sozinho” e essas pessoas conhecem todas elas. Com elas, entendemos que há sentimentos que o nosso sorriso não pode esconder e que um “eu sou bem” não é suficiente para fazê-las acreditar que tudo está indo bem.

Existem relações que nos dão ar psicológico.
Existem vínculos que não se afogam, que não exigem, que não intoxicam. São essas que nos permitem respirar e que nos encorajam a nos comprometermos com a felicidade. São essas que nos fazem sentir vitalmente ativos e valorizam o autêntico.

Vamos dizer que existem conexões que vão além das pessoas, que reforçam nossos pilares e nos oferecem oxigênio puro. Assim, sem que as palavras queimem ou as reprovações ecoem entre nossas paredes, somos capazes de entender o caminho de nossas emoções.

“Qué suerte es tener a este tipo de personas a nuestro lado y qué poco agradecidos somos a veces. Podemos dejar que el tiempo pase y que se nos vayan los momentos de poder celebrar todo aquello que hemos superado juntos.”

Não deixe que isso aconteça com você e aproveite todos os dias as pessoas que acompanham você nesse caminho que às vezes fica tão difícil. Lembre-se de quem são as pessoas que fazem você mudar sua vida, tomar uma perspectiva, respirar e contar até três.

Quando estiver claro, não demore e aplauda sem duvidar da sua incondicionalidade e do seu carisma.
Por Pensar Contemporâneo

AMOR, QUE É AMOR, DURA A VIDA INTEIRA.



“Amor, que é amor, dura a vida inteira. Se não durou é porque nunca foi amor.” (Padre Fábio de Melo)

Amor, que é amor, dura a vida inteira. Se não durou é porque nunca foi amor. O amor resiste à distância, ao silêncio das separações e até às traições. Sem perdão não há amor. Diga-me quem você mais perdoou na vida, e eu então saberei dizer quem você mais amou.

O amor é equação onde prevalece a multiplicação do perdão. Você o percebe no momento em que o outro fez tudo errado, e mesmo assim você olha nos olhos dele e diz: “Mesmo fazendo tudo errado, eu não sei viver sem você. Eu não posso ser nem a metade do que sou se você não estiver por perto”.

O amor nos possibilita enxergar lugares do nosso coração os quais sozinhos jamais poderíamos enxergar.

O poeta soube traduzir bem quando disse: “Se eu não te amasse tanto assim, talvez perdesse os sonhos dentro de mim e vivesse na escuridão. Se eu não te amasse tanto assim talvez não visse flores por onde eu vi, dentro do meu coração!”

Bonito isso. Enxergar sonhos que antes eu não saberia ver sozinho. Enxergar só porque o outro me emprestou os olhos, socorreu-me em minha cegueira. Eu possuía e não sabia. O outro me apontou, me deu a chave, me entregou a senha.

Coisas que Jesus fazia o tempo todo. Apontava jardins secretos em aparentes desertos. Na aridez do coração de Madalena, Jesus encontrou orquídeas preciosas. Fez vê-las e chamou a atenção para a necessidade de cultivá-las.

Fico pensando que evangelizar talvez seja isso: descobrir jardins em lugares que consideramos impróprios. Os jardineiros sabem disso. Amam as flores e por isso cuidam de cada detalhe, porque sabem que não há amor fora da experiência do cuidado. A cada dia, o jardineiro perdoa as suas roseiras. Sabe identificar que a ausência de flores não significa a morte absoluta, mas o repouso do preparo. Quem não souber viver o silêncio da preparação não terá o que florir depois…

Precisamos aprender isso. Olhar para aquele que nos magoou e descobrir que as roseiras não dão flores fora do tempo nem tampouco fora do cultivo. Se não há flores, talvez seja porque ainda não tenha chegado a hora de florir. Cada roseira tem seu estatuto, suas regras… Se não há flores, talvez seja porque até então ninguém tenha dado a atenção necessária para o cultivo daquela roseira.

A vida requer cuidado. Os amores também. Flores e espinhos são belezas que se dão juntas. Não queira uma só. Elas não sabem viver sozinhas… Quem quiser levar a rosa para sua vida, terá de saber que com ela vão inúmeros espinhos. Mas não se preocupe. A beleza da rosa vale o incômodo dos espinhos… ou não.
Por Bem Mais Mulher





“NADA DURA PARA SEMPRE: NEM AS DORES, NEM AS ALEGRIAS.”


Talvez isso já tenha até ficado óbvio demais, mas é provável que ainda não tenha sido levado tão a sério. Ou talvez sejam as pressões, surpresas e desencontros os responsáveis por esquecermos que a vida é mesmo assim. Nela, nada é definitivo. Nem a tempestade nem a bonança são eternas.

Quiséramos nós que as alegrias fossem permanentes. Quiséramos! Seria magnífico se o passar dos dias não fosse deixando as pequenas alegrias para trás; muito menos as grandes. Ou quiséramos nós que as tristezas durassem apenas uma noite. Certamente adoraríamos poder acordar na manhã seguinte e saber que nossas tempestades internas foram apenas isso e que desaparecerão sem deixar maiores estragos.

Mas é possível que a vida não alcançasse a mesma importância se fosse assim. Ou a mesma graça. Não lutaríamos tanto para fazer acontecer, se a alegria ficasse ali, todos os dias; certamente nos daríamos por satisfeitos e completos, sem precisar de muito. Do mesmo modo, não teríamos força para seguir em frente, se tudo se resumisse em dores que não tivessem a possibilidade de serem superadas.

A vida é uma mescla, feita de felicidade e de dificuldades. É feita de dúvidas, tropeços e arranhões, mas também é preenchida por conquistas, descobertas e realizações. É certo que nem sempre é 50 a 50, que as porcentagens de um e de outro nem sempre são equivalentes. Não há uma escala perfeita; a vida não segue um plano básico para todos, e o bom e o mal não se intercalam assim, pura e simplesmente.

Em algumas ocasiões, as durezas nos enfraquecem e nos deixam sem rumo. É difícil levantar e seguir, quando as dores se derramam sobre nossas vidas. Para esses momentos é que se torna indispensável lembrar de que “nada dura para sempre, nem as dores, nem as alegrias. Tudo na vida é aprendizado. Tudo na vida se supera.” (Caio Fernando Abreu).

Algumas pessoas não se lembram de que as alegrias não são permanentes. A expressão tudo passa define perfeitamente o que a vida tenta, com muito custo, nos ensinar. Há quem viva na soberba por se sentir por cima, sem a consciência de que um dia viverá alguns “baixos” e que muito provavelmente não estará preparado o suficiente para lidar com isso. Tudo isso pelo simples fato de nunca ter admitido essa possibilidade. De outra forma, há quem viva de cabeça baixa e ombros curvados porque não consegue ver a luz no fim do seu túnel de problemas. Para os dois casos, é necessário ter em mente que tudo muda, que nada é permanente, que não há bem ou mal que durem para sempre.

É sensatez não esperar que a vida seja previsível, porque ela nunca será; é sabedoria não desanimar diante das derrotas, dificuldades, erros ou decepções. A dor pode nos tirar dos eixos por um tempo, mas ela coloca nossas vidas em um outro patamar, na medida em que nos ensina e nos torna mais fortes e resistentes.

A vida é, de fato, uma roda gigante, com a eterna missão de desafiar nossa capacidade de nos tornarmos flexíveis ao seu movimento. Alguns baixos sempre existirão, é verdade, e isso não se pode evitar. Mas quando em cima, a vista sempre será bonita e prazerosa.

A vida é um fluxo surpreendente, deixemos ela se agitar. Sem medos nem amarras, sigamos. Afinal, nada dura para sempre. Nada durará!

Texto Alessandra Piassarollo

domingo, 22 de dezembro de 2019

E SE EM VEZ DE FALAR DE NATAL



E se em vez de falar de Natal, a gente procurasse entender por que o mundo está de patas para o ar? Pessoas se sentem no direito de serem rudes com as outras, seja por estarem amparadas pelo escudo das redes sociais, seja porque já não sobra um fiapo de paciência e educação. Qual a dificuldade de ser gentil?

E se em vez de falar de Natal, a gente lembrasse que é livre para decidir? Livre para ficar ou ir embora, livre para continuar com a vida que tem ou arriscar outra coisa, livre para ser quem é de verdade ou continuar fazendo de conta. Liberdade. Que tal experimentá-la antes que seja tarde?

E se em vez de falar de Natal, a gente falasse sobre compaixão? Tanta gente com dívidas impagáveis, sem acesso a um tratamento médico decente, se sentindo solitário, não sendo escutado por ninguém, recebendo da vida uma enxurrada de negativas. Que atenção destinamos aos milhares de "invisíveis" que nos cercam?

E se em vez de falar de Natal, a gente falasse das responsabilidades que nos cabem? Postar contra o racismo, contra a homofobia, contra o feminicídio, isso qualquer um faz para ostentar consciência e ganhar likes em seus perfis, mas e no dia a dia? Como você se comporta, que tipo de piada faz, qual sua reação ao ver alguém sendo discriminado? Não há saída se não dermos nossa contribuição concreta para a sociedade mudar.

E se em vez de falar de Natal, a gente falasse de arte, ainda que pareça cansativo bater nesta tecla? Cinema, música, teatro, literatura, tudo isso é mais do que entretenimento. É preciso frequentar shows, exposições, feiras de artesanato, mostras fotográficas, rodas de chorinho e samba, qualquer coisa que extraia a emoção e a sensibilidade que estão dentro de nós, mas que, sem serem provocadas, fazem a gente parecer apenas um robô cumpridor de tarefas.

E se em vez de falar de Natal, a gente falasse de amor? Não os amores dilacerantes que viram roteiros e poemas, mas do amor sem o aditivo da angústia: amor real, compartilhado, maduro, inteligente, amor que se reconhece um projeto de satisfação, alegria, construção. Amor que não se rende aos apelos do sofrimento, aparentemente tão sublimes, mas amor que trocou a dor narcísica pelo contentamento simplificado.

E se em vez de falar de Natal, a gente falasse da fé nos acasos, da importância de não ceder a vulgaridades, da autonomia das nossas escolhas, dos favores que a vida nos fez, da poesia que há nas miudezas, de como é importante acordar, tomar café, escovar os dentes e continuar a busca pela plenitude possível?

Com Deus ou sem Deus, ter uma vida digna depende de nós. O Natal é só um pretexto.
Martha Medeiros

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

DENTRO DA GENTE


Algumas pessoas viverão pra sempre, dentro da gente. E a gente precisa dar um jeito de acomodar essa presença, que agora é feita de lembranças, porque algumas pessoas se apressaram e foram embora antes de nós.
As memórias dos afagos, dos sorrisos, dos abraços apertados… de vez em quando nos assaltam, roubam nosso sorriso e deixam lágrimas no lugar. É doloroso sim, quem poderá negar?
Em alguns dias a gente pensa em quem partiu, revira nosso baú de histórias e agradece aos céus por ter tido o direito de vivê-las. Em outros, mais cinzas, o remendo se solta e o coração da gente se despedaça de novo. A dor é intrusa e teimosa. É difícil conseguir conviver com ela. Mas depois  achando estranho o fato de ter que carregar esse fardo tão dolorido.
E a gente se percebe pensando na ilusória possibilidade de ter a chance de escutar uma última risada, uma última vez. Nada. E de nada em nada, vamos entendendo que algumas pessoas se tornaram brisa, e agora vivem no fundo de nossas memórias.
E apesar do silêncio e do vazio assombroso, o amor vai fazer com que elas não se despeçam totalmente. Uma parte delas, a melhor parte, permanecerá para sempre, dentro da gente. (Ainda bem, porque não poderíamos sobreviver se não fosse assim). E conforme o tempo passa, a gente vai percebendo que a saudade é uma forma diferente de se amar quem partiu.
Por isso mesmo é que se deve saber sentir saudade. Conhecer bem o lugar que ela deve ocupar dentro de nós e por limites nesse lugar. Saudade não é pra ser criada solta, fazendo de nós o que bem quer. Ela precisa saber que não pode sapatear sobre nossas outras emoções.
Embora a ausência de quem nos deixou pareça nos comprimir, nem tudo é feito de dor. Tem beleza, sorrisos e prazer, que ficaram no ar, suspensos de alguma forma, e nunca irão nos deixar. Tem memória boa, gosto bom de foi bom enquanto durou. E isso não passa, não se substitui nem fica para trás. O som da voz que nos chamava, o abraço que nos aconchegava, apenas mudou de consistência. Agora é nuvem. Uma bruma leve que vez ou outra nos envolverá para dizer que houve mudança, mas que de alguma forma vai ficar. Para sempre!
Contudo, é preciso obrigar a ir o que nos faz escravos: a dor que nos submete e nos tira do chão. Disto, despeçamo-nos! E assumamos que se foi de nós um pedaço, mas que uma lembrança boa ficou no lugar.

(Por Alessandra Piassarollo)

domingo, 17 de novembro de 2019

PESSOAS QUE ADORAM FICAR SOZINHAS



AS PESSOAS QUE ADORAM FICAR SOZINHAS 
POSSUEM ESSAS
8 CARACTERÍSTICAS SUPERIORES

Elas são vistas como solitárias e depressivas, mas isso está longe de ser um julgamento correto.

Muitas pessoas preferem a própria companhia do que estar ao lado de quem quer que seja. Para essas pessoas, os seus pensamentos e emoções são mais importantes e elas acabam não gostando de jogar conversa fora, ou até não possuem muita paciência para contatos sociais frequentes. Elas são vistas como solitárias e depressivas, mas isso está longe de ser um julgamento correto. Na verdade, elas gostam mesmo é de pensar e se concentrar nas suas próprias vidas em um processo limpo de autoconhecimento e amor interior.

1. Elas impõem limites claros
Uma pessoa que gosta de ficar sozinha sempre fica com o pé atrás com uma pessoa que não gosta da própria companhia, ela acredita que se a pessoa não consegue, nem gosta de estar com ela mesma ela não pode ter algo bom para oferecer, por isso ela coloca limites claros nas relações e não deixa que ninguém ultrapasse.

2. Tem poucos amigos, mas amigos leais
Elas são bons amigos, fieis e leais, mas possuem poucos, sabem selecionar e não precisam ficar recebendo atenção demasiada. Elas gostam mesmo de se fazer presente apenas quando existe real necessidade de afeto e companheirismo verdadeiro. Aqueles que são escolhidos como amigos, são realmente privilegiados e podem contar com elas para qualquer assunto.

3. Estão sempre querendo novas aventuras que instiguem a mente
Sim, elas gostam mais de estar sozinhas do que com outras pessoas, e daí? Mas elas possuem a mente aberta e querem sempre estar inovando e fazendo novas aventuras para nutrir suas mentes de coisas interessantes e de uma adrenalina saudável.

4. Autorreflexão
O gostar de estar sozinho lhes dá uma grande vantagem quando precisam tomar decisões e passam por momentos de estresse e pressão. A autorreflexão constante os colocam na frente para fazer as melhores escolhas em prol de si próprio e dos outros.

5. Se conhecem muito bem
Elas buscam o autoconhecimento o tempo todo e por isso, não se demoram em momentos de tristeza e depressão, sabem os canais que devem buscar alimento dentro de si mesmos para atingir um nível de equilíbrio e satisfação.

6. O tempo para elas é precioso
O tempo é o seu melhor amigo, elas querem ter seu próprio tempo respeitado e respeitam o tempo dos outros. Não gostam que invadam seu espaço e que desperdicem o seu tempo com coisas inúteis e também não fazem isso com os outros.

7. São honestas consigo mesmas
Elas sabem que nunca encontrarão ninguém perfeito nesse mundo e que também não são, por isso não cobram perfeição de ninguém e são bem tolerantes quanto as falhas das pessoas que as cercam. Mas não possuem muita paciência para ignorantes, mas isso todo mundo, não é mesmo?

8. Conseguem sentir o sentimento do mundo
A maioria dos solitários são empáticos, sensitivos ou até paranormais, isso mesmo, eles sentem o que os outros estão sentindo com mais facilidade, conseguem perceber a falsidade alheia de longe e até por isso, gostam da reclusão, para não sentirem tantas emoções e não se apegarem a elas por serem uma espécie de esponja.
Por CONTI outra

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

A ARTE DE SER FELIZ


Houve um tempo em que a minha janela se abria para um chalé. Na ponta do chalé brilhava um grande ovo de louça azul. Nesse ovo costumava pousar um pombo branco. Ora, nos dias límpidos, quando o céu ficava da mesma cor do ovo de louça, o pombo parecia pousado no ar. Eu era criança, achava essa ilusão maravilhosa, e sentia-me completamente feliz.

Houve um tempo em que a minha janela dava para um canal. No canal oscilava um barco. Um barco carregado de flores. Para onde iam aquelas flores? Quem as comprava? Em que jarra, em que sala, diante de quem brilhariam, na sua breve existência? E que mãos as tinham criado? E que pessoas iam sorrir de alegria ao recebê-las? Eu não era mais criança, porém minha alma ficava completamente feliz.

Houve um tempo em que a minha janela se abria para um terreiro, onde uma vasta mangueira alargava sua copa redonda. À sombra da árvore, numa esteira, passava quase todo o dia sentada uma mulher, cercada de crianças. E contava história. Eu não a podia ouvir, da altura da janela; e mesmo que ouvisse, não entenderia, porque isso foi muito longe, num idioma difícil. Mas as crianças tinham tal expressão no rosto, e às vezes faziam com as mãos arabescos tão compreensíveis, que eu que não participava do auditório imaginava os assuntos e suas peripécias e me sentia completamente feliz.

Houve um tempo em que a minha janela se abria para uma cidade que parecida feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre homem com um balde e, em silêncio ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros, e meu coração ficava completamente feliz.

Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Marimbondos: que sempre parecem personagens de Lope da Vega. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz.

Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outras dizem que essas coisas só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim

 Cecília Meireles

O AMOR NÃO MORRE…



O amor não morre. Ele se cansa muitas vezes. Ele se refugia em algum recanto da alma tentando se esconder do tédio que mata os relacionamentos. Não é preciso confundir fadiga com desamor.

O amor ama. Quem ama, ama sempre. O que desaparece é a musicalidade do sentimento. A causa? O cotidiano, o fazer as mesmas coisas, o fato de não haver mais mistérios, de não haver mais como surpreender o outro. São as mesmices: mesmos carinhos, mesmas palavras, mesmas horas…

O outro já sabe! Falta magia. Falta o inesperado. O fato de não se ter mais nada a conquistar mostra o fim do caminho. Nada mais a fazer. Muitas pessoas se acomodam e tentam se concentrar em outras coisas, atividades que muitas vezes não têm nada a ver com relacionamentos.

Outras procuram aventuras. Elas querem, a todo custo, se redescobrir vivas; querem reencontrar o que julgam perdido: o prazer da paixão, o susto do coração batendo apressado diante de alguém, o sono perdido em sonhos intermináveis e desejos infindos.

Não é possível uma vida sem amor. Ou com amor adormecido. Se você ama alguém, desperte o amor que dorme! Vez ou outra, faça algo extraordinário. Faça loucuras, compre flores, ofereça um jantar, ponha um novo perfume…

Não permita que o amor durma enquanto você está acordado sem saber o que fazer da vida. Reconquiste! Acredite: reconquistar é uma tarefa muito mais árdua do que conquistar, pois vai exigir um esforço muito maior. Mas… sabe de uma coisa?

Vale a pena! Vale muito a pena!
PEDRO BIAL

segunda-feira, 1 de abril de 2019

SER SOLTEIRA INCOMODA MUITA GENTE...

Ser solteira incomoda muita gente; ser solteira e feliz incomoda muito mais.

Tem coisa mais chata que aquela pergunta da sua tia em um almoço de família no domingo: E os namoradinhos? Tem. É aquela pergunta de quem não te vê há meses, te encontra na rua e solta aquela frase que deveria ter ficado apenas no pensamento: E aí, está namorando?

Eu queria registrar a cara de decepção das pessoas quando respondo a essas perguntas com um não. E logo em seguida, vem aquela fala doce em tom de desculpas como se isso fosse um erro. “Ah mais você é tão bonita, como assim não tem ninguém”, “Ó quem muito escolhe acaba sendo escolhido.” Aposto que você já foi bombardeada(o) com essas frases que nos causam riso. Depois de um tempo a gente cansa de dar sempre as mesmas respostas e as pessoas confundirem isso com desculpas.

Não vejo problema algum em querer um tempo pra si, em querer se dedicar a um projeto ou querer viajar pelo mundo sem ninguém. Eu não preciso estar casada aos 30, com filhos, uma carreira profissional de sucesso, a tese de mestrado pronta e me preparando para defender o doutorado. Eu posso querer ficar em casa no feriado, atualizando as minhas séries ao invés do meu currículo. Eu posso gostar da companhia dos meus amigos e adorar ir ao cinema assistir um romance e chorar feito um bebê não como quem está desesperado por um amor, mas como quem achou aquela história bonita. Eu prefiro um coração feliz a um coração machucado e sinceramente, eu me divirto com as minhas séries.

Essa visão errônea das pessoas de que quem está solteiro necessariamente está sozinho, mostra a visão destorcida do amor. O amor não é uma questão de tentativas com medo de ficar só. O amor nem de longe é refúgio, abrigo, por medo da solidão. As pessoas colocam a responsabilidade de ser feliz nas mãos do outro, achando que um relacionamento é a chave para aliviar toda angustia, tristeza e dor.

Antes de ser um bom par é fundamental ser um bom ímpar, gostar da tua companhia, gostar daquilo que você vê no espelho todos os dias e da pessoa incrível que você tem se tornado. É fundamental se conhecer e se amar. Gostar do teu cabelo desarrumado, do teu jeito bagunçado e da sua loucura.

As pessoas sempre irão arrumar um jeito de saber das “atualizações” de nossa vida. Hoje você está solteira, então a pergunta da vez é: Quando você vai namorar? E aí você entra em um relacionamento e surge outra questão: Quando você irá se casar? E então você se casa e vem o tal: “Quando vocês irão ter filhos?” e por aí se segue a lógica de quem parece esperar muito de nós e de nossas vidas, QUANDO na verdade é só curiosidade alheia pela vida do outro. Relacionamento não é sinônimo de felicidade. A gente sabe quando tem e quando é amor. Depois de tantos tombos a gente prefere dar um tempo como quem deseja se recompor. Como quem se olha no espelho e só enxerga espinhos e sabe que precisa se ver flor.

Depois de alguns “quases” a gente dá uma desacelerada como quem não quer embarcar em nada só porque o coração acelerou, ele nos engana às vezes. Eu quero nós, porque laços se desfazem depois de um tempo, perdendo a sua forma bonita. E eu? Eu, não quero um amor passageiro.

Eu posso estar feliz aos 25 mesmo sem planos para depois da faculdade, posso estar solteira aos 30 e sonhar com casamento. Ser solteira não é nem de longe sinônimo de solidão. Eu posso desejar hoje alguém, mas posso nem pensar nisso, pela rotina, pelo cansaço ou por falta de interesse mesmo. Posso encontrar alguém amanhã e começar uma história de amor, mas não antes de começar essa história por mim mesma, amando o meu jeito desorganizado e desejando transbordar. Um coração entregue a Deus sabe que não adianta ter pressa, por mais que o coração se apresse e a ansiedade queira nos dominar, tudo tem o seu tempo certo.

Eu não quero alguém para sarar as minhas dores, curar as minhas feridas e me completar. Eu quero companheirismo, eu quero tempo de qualidade. Eu dispenso as desculpas, a falta de interesse e o medo de embarcar. Deixa tua bagagem no passado, agora é uma nova história. Eu quero alguém disposto, alguém que me traga certezas ao invés de dúvidas, que apareça ao invés de desaparecer sem ao menos dizer o porquê. Eu estou solteira e estou feliz porque não há nada pior do que se sentir só mesmo tendo uma “companhia.”
Thamilly Rozendo

sábado, 30 de março de 2019

TENHA PRESSA DE SER FELIZ


“Tenha pressa de ser feliz, porque nós não sabemos quanto tempo nos resta”

Padre Fabio de Melo e suas frases poderosas e reflexivas! Sempre podemos refletir um pouco sobre as lições que ele traz para nossas vidas através de seus discursos. Dessa vez, a frase escolhida é muito poderosa e fala sobre diz sobre como devemos agir em relação às coisas que nos fazem mal.
Ele diz:
Vire a página. Dê um ponto final nas coisas que lhe fazem mal. A vida é um círculo, não um quadrado. Tenha pressa de ser feliz, porque nós não sabemos quanto tempo nos resta”.

Muitas vezes, ficamos presos pensando em todas as coisas que estão erradas em nossas vidas. Sabemos que elas nos fazem mal, mas ainda assim não conseguimos encontrar forças para dar um basta e buscar uma realidade de vida que nos faça mais feliz.

Esse é um problema sério, visto que a vida deve ser vivida agora, no momento presente, pois não sabemos quando será nosso último dia na Terra, e precisamos fazer com que cada respiração, cada momento ao lado de nossos amados valha a pena.

Quando estamos presos em um padrão de vida negativo, ficamos estagnados e vivemos nossos dias de maneira automática, apenas esperando o fim. Não é assim que devemos viver. Fomos criados e enviados para essa Terra para sermos vencedores, conquistarmos nossos sonhos e contribuirmos para que o mundo se torne sempre um lugar melhor. Estamos aqui para evoluir e fazer com o que o mundo evolua conosco.

Devemos nos esforçar para eliminar de nossas vidas tudo aquilo que nos faz mal e nos impede de conhecer o nosso verdadeiro potencial. Claro, nem sempre é fácil, mas somos os únicos responsáveis pela realidade de vida que temos.

Não importa quantas pessoas nos fizeram mal, está em nossas mãos a escolha de nos lamentarmos por isso ou de buscarmos a superação a cada dia e conquistar tudo aquilo que duvidam que sejamos capazes de ter.
Tenha pressa em ser feliz. Se não conseguir vencer os dilemas sozinho, procure ajuda, fale com pessoas capacitadas, busque o abraço de sua família, o conforto de seus amigos. Faça tudo o que for possível para se libertar do peso que o empurra para baixo.
A vida passa rápido e não temos nada garantido além do agora. Não desperdice sua vida se lamentando, sofrendo. Erga a cabeça e decida transformar a sua realidade.

Pode ter a certeza de que você é capaz de viver a vida que deseja. Quando começar a acreditar em si mesmo e afastar de sua vida tudo o que não o faz feliz, o caminho para a felicidade se mostrará prontamente a você.
Luiza Fletcher

sexta-feira, 29 de março de 2019

DE MÃOS DADAS



O dia em que uma mulher casada, linda, bem vestida, heterossexual, católica e da classe média alta me surpreendeu e me mostrou que fui preconceituosa com ela.

E lá estava eu no shopping observando gente enquanto tomava um café quase em frente à escada rolante que descia. Vi descerem duas mulheres de mãos dadas. Elas pareciam ter entre trinta e cinco e quarenta anos. Tinham olhar leve e tranquilo. Logo atrás delas descia uma família tradicional: pai, mãe e a pequena menina de aproximadamente quatro anos. O pai então olha para as mãos entrelaçadas das duas mulheres à frente e, em seguida, olha para sua companheira e faz um sinal com a cabeça para que ela também olhasse. Ele parecia estranhar a imagem. Seu olhar era um misto de espanto e desconforto. Então as mulheres, sem perceber nada do que acontecia atrás delas, saem da escada e seguem em direção oposta a que estou, enquanto que a família caminha na minha direção quando eu ouço a voz da mãe, calma, bem humorada e afetuosa para o marido:

-O que foi? É bonito não é? Duas pessoas de mãos dadas! Manifestação de carinho. Você devia seguir o exemplo delas e andar de mãos dadas comigo também! Desde que tivemos nossa filha, damos a mão para ela, carregamos bolsas, mochilas, empurramos o carrinho e por isso nos esquecemos de dar as mãos.

Então ela sorriu e eles seguiram, também de mãos dadas enquanto a pequena menina caminhava feliz sem se abalar, nem pelo diálogo dos pais, nem por ter visto as duas mulheres de mãos dadas.

Não sei quem são aquelas duas mulheres, elas podem ser um casal – e provavelmente eram – mas podem ser duas irmãs ou duas amigas. Ou não? O que marcou em mim naquela cena foi a destreza e a delicadeza com que aquela mãe enxergou naquelas mãos entrelaçadas apenas um sinal de afeto, de companheirismo, de vínculo, de caminhada compartilhada. Ela viu ali a mesma beleza que eu um dia vi em um casal de velhinhos que caminhava pelo meu bairro de mãos dadas. Eles pareciam ter mais de oitenta anos e é bem provável que caminhem juntos há mais de sessenta. E cá entre nós, a cena de velhinhos de mãos dadas encanta a todos não é mesmo? E por que não nos permitirmos nos encantar com todas as mãos dadas, sem darmos importância a quem são os donos delas? Mãos dadas é sempre uma cena bonita de se ver.

A capacidade de olhar para duas pessoas de mãos dadas e enxergar afeto nos ajuda a entender e respeitar as escolhas de cada um. A decência de duas pessoas que se amam e que por isso andam de mãos dadas é indiscutível e ali, naquela cena eu percebi que a pequena menina não via nada além das duas mãos juntas. Ela, que deve ter mais ou menos um metro e dez de altura tinha os olhos na mesma altura das mãos das duas mulheres. Não importava de quem eram aquelas mãos, ela não via nada além do enlace.

Ao crescermos, nossos olhos passam a enxergar “mais de cima”. Passamos a ver os rostos, os cabelos, a cor da pele, a roupa, o gênero. Isso nos mostra que nossa raça é composta de muitas diferenças, e faz parte do jogo aceitá-las. Uma mãe que, de forma tão amável, mostra ao marido e à filha que o amor de todos deve ser respeitado e aceito como o deles é, faz a diferença no mundo.

Eles que ali no shopping para mim eram a imagem clássica da família tradicional de classe média alta, composta pelo pai provedor, pela esposa e pela filha, prova que todos somos capazes de conviver em harmonia. Aquela mulher linda e bem cuidada carregava no pulso uma pulseira com uma imagem católica, me mostrando que é possível ser cristão sem atirar pedra em casais homoafetivos. Ela que é heterossexual, que estava vestindo roupas chiques, carregando uma bolsa de grife nos ombros nos quais caíam os cabelos que mais pareciam os de uma modelo internacional, olhou com amor e respeito para o casal de mulheres, ambas com os braços tatuados, roupas simples e cabelos que não passam por tratamento em salões caros. Ela, cujo marido deveria ser um alto executivo e cuja filha deve estudar em um dos melhores colégios da capital paulistana, me mostrou que talvez eu também esteja impregnada por aparências. Tal qual quem olha para o garoto negro nas ruas e sente medo de ser assaltado, eu ali, não esperava ouvir tão lindas e astutas palavras vindas de uma mulher com aquela aparência.

Então que a vida nos brinde cada vez mais com possibilidades de observarmos, de refletirmos e de definitivamente deixarmos de lado essa tosca mania de discriminar. Que não generalizemos mais nem os católicos, nem os casais homoafetivos, nem as mulheres brancas de cabelos dourados, corpo perfeito e adornos caros.

Deixo aqui meu agradecimento às duas mulheres cujas mãos caminham entrelaçadas e tranquilas por aí e também àquela mulher que poderia se chamar Gisele. Eu, que adoro (e tenho) tatuagens e também adoro cuidar dos meus cabelos em salão caro bato palmas para elas, e que a pequena menina de quatro anos possa seguir aquele exemplo.

Só se pode ver com os olhos do coração.
Fonte:  http://www.contioutra.com/author/vanelli-doratioto/ 17/11/2015

domingo, 17 de março de 2019

O PEQUENO PRÍNCIPE: SOBRE BUSCAR COM O CORAÇÃO…



Será que temos vivido da maneira correta?
Será que valorizamos o que é importante?
Ou estamos apenas fazendo contas?
Ainda somos homens?
Ou nos transformamos em cogumelos?
Sobre o que realmente temos controle na vida? Às vezes, me faço essa pergunta e chego à conclusão que sobre pouquíssimas coisas. A vida é mesmo frágil, é a chama de uma vela como diria Shakespeare. Além de frágil é fugaz, passa rápido e, contemporaneamente, em um mundo de extrema fluidez, a sensação que tenho é que a vida passa sem que eu possa de fato senti-la.
Temos que fazer mil e uma coisas em um dia, quando não temos condições de fazer cinco com qualidade. Cheios de obrigações e sem tempo para nada, o tempo passa e a chama que nos mantêm vivos fica mais fraca. Esse tempo não volta e pior, não fica na memória, pois não o gastamos com o que de fato deveria ser gasto.
A obrigação em dar certo na vida, não nos permite parar, ainda que não saibamos para aonde estamos indo. Essa maneira de se comportar intensifica-se com a vida em uma sociedade capitalista, em que a obrigação em dar certo na vida resume-se em ganhar dinheiro. Vivemos sob o jugo da alta performance e exigência de um mundo cada vez mais dinâmico.
O que me preocupa é a forma como já estamos adaptados a viver dessa forma, sem questionar se essa é a melhor forma de viver, pois como disse, a vida é breve e por ser breve deve ser aproveitada naquilo que realmente importa. Um dia a gente acorda, os anos se passaram e perdemos a oportunidade de deixar a nossa marca no mundo, de dar um abraço e ganhar um sorriso. Ou seja, ser importante para alguém e fazer de um alguém, importante.
Devemos produzir, devemos correr, devemos “ter” coisas para mostrar, como se objetos definissem pessoas, mas, mesmo que definam, são definições muito superficiais. Nessa busca incessante por um sem número de coisas, existem pessoas em lugares que não querem estar, em trabalhos que não trazem nenhuma felicidade, em relacionamentos vazios e contentam-se, afinal nos vendem a ideia de que essa é uma vida feliz.
Nós a aceitamos, por medo, preguiça ou insegurança, de viver uma vida que realmente faça jus a nossa existência e àquilo que somos. Acreditamos que a vida, dessa forma, é levada a sério, que estamos fazendo “coisas sérias”. Como é tola a sabedoria que os adultos carregam. Mal sabem que as areias da ampulheta chegam ao outro lado e suas vidas são vividas como a dos outros, sem diferenças, sem essência, sem nada que possa fazê-los importantes.
Tantas coisas que passam por nós ao longo da vida, tantas coisas que vem e vão, tantos que não nos lembramos, tantos que não lembram de nós. Poderíamos ter nos ocupado de menos coisas, ter ficado mais tempo com o que faz o coração enternecer, chorado quando sentisse vontade e colecionado sorrisos para fortalecer a alma.
Mas não temos tempo para essas coisas. No mundo dos adultos só há tempo para as coisas sérias, para fazer contas, para o racional. Desse modo, ao longo do tempo vamos esquecendo quem somos e nos transformamos em máquinas ou qualquer outra coisa. Nem tudo pode ser contado e, assim, há coisas que somente são sentidas. Embora, tenhamos nos ocupado muito em deixar de sentir. E nos orgulhamos disso, pois somos homens “sérios”.
“Eu conheço um planeta onde há um sujeito vermelho, quase roxo. Nunca cheirou uma flor. Nunca olhou uma estrela. Nunca amou ninguém. Nunca fez outra coisa senão somas. E o dia todo repete como tu: “Eu sou um homem sério! Eu sou um homem sério!” e isso o faz inchar-se de orgulho. Mas ele não é um homem; é um cogumelo!”
Como a sabedoria do principezinho é diferente da nossa. Cegos da nossa razão, estamos inchados de orgulho de uma vida que nós afasta dos outros e de nós mesmos. Acreditamos que a felicidade está na grandiosidade ou quantidade. Guardamos tralhas que no fim das contas, apenas nos deixam mais vazios. Tentamos cultivar milhares de pessoas, mas não temos tempo para cuidá-las e, logo, não colhemos nada.
Shakespeare disse que a vida é a chama de uma vela; Quintana que a vida é breve; Niemeyer que a vida é um sopro. Eu vos digo que a vida só vale a pena, quando com pequenas coisas se ganha um sorriso. Acho que a vida do homem contemporâneo não se adéqua ao que penso, mas as pessoas grandes são muito esquisitas e isso não fui eu que disse, mas um frágil e pequenino sábio: “- Os homens do teu planeta, disse o principezinho, cultivam cinco mil rosas num mesmo jardim… e não encontram o que procuram… – Não encontram, respondi… E, no entanto, o que eles buscam poderia ser achado numa só rosa, ou num pouquinho d’água…- É verdade. E o principezinho acrescentou: – Mas os olhos são cegos. É preciso buscar com o coração…”

(Erick Morais)


DEIXEI MEU CORAÇÃO EM MODO AVIÃO


Deixei meu coração em modo avião. Hoje não quero criar expectativas, controlar o que não posso, me culpar por aquilo que não depende só de mim.

Desisto de procurar sinais nas entrelinhas, esperar reciprocidade, exigir respostas. Quero a paz de não saber tudo, a tranquilidade de não controlar quase nada, a bonança de não sofrer por antecipação, a calmaria de não esperar nada de ninguém além de mim mesma.

Deixei meu coração em modo avião. Vou parar de cutucar minhas feridas, jogar fora os excessos de minhas gavetas, ocupar os lugares que guardei para quem não quis seguir viagem ao meu lado. Vou tomar chá de amnésia e sumiço, ensaboar a alma com perfume de oceano e deixar a água levar o que entristece e empobrece.

Vou tirar meus sapatos, deixar morrer algumas saudades, ficar confortável na minha solidão. Vou abandonar meus julgamentos e deduções, fugir das comparações, descomplicar minha tristeza e firmar pactos com a leveza. Vou exigir senha da melancolia e fugir da fila da nostalgia. Vou assumir um compromisso com a serenidade e aquietar o som da goteira da imaturidade.

Deixei meu coração em modo avião. Hoje quero me despedir das dores que de tão presentes viraram amigas, das mágoas que perderam o prazo de validade, dos pesos desnecessários que atrasaram minha marcha. Quero me vestir de perdão, absolver as causas dos meus tropeços, arejar meus ressentimentos, libertar minha culpa.

Quero tecer momentos de simplicidade, bordar auto-gentilezas, pescar coragens. Quero ter a ousadia de me ouvir com zelo, ser generosa com meus anseios e cuidadosa com meus receios. Quero ser surpreendida em momentos de pouca expectativa, e ser pega de surpresa com um riso farto que estava guardado na minha barriga.

Quero borboletas no estômago, vagalumes no olhar e joaninhas embaraçando meu caminhar. Quero ser jardineira de harmonias e semear poesia de Manoel de Barros sob a luz do sol do meio dia. Quero beber doçuras do silêncio, fotografar melodias da tranquilidade e construir abrigos de simplicidade.

Deixei meu coração em modo avião e descobri que prezo mais um teto feito de estrelas que um céu cheio de preocupações; uma companhia simples e verdadeira pra rachar uma pizza que um jantar sofisticado ao lado de gente ranzinza; um vestido de chita cheio de poesia que um longo Dior ofuscado de idolatria.

Depois de manter por tanto tempo meu coração em modo avião, revi minhas prioridades. Já não funciono mais no compasso das esperas, mas aprendi a valorizar o que tem vocação de eternidade, o que apascenta minha alma e acalenta meu espírito. Tenho pressa de ser feliz e preguiça de sofrer por miudezas. Desejo bagagens leves, com rodinhas ultradeslizantes, e todos os dias escolho a mim mesma, sem máscaras, fingimentos, disfarces ou ilusões. Escolho a mim mesma com todas as dificuldades e imperfeições, com todas as certezas e divagações, com todas as coragens e aversões.

E então, recuperado o auto-respeito, tirei meu coração do modo avião. Hoje sei que não preciso me esconder para ser feliz, mas aprendi a reconhecer onde posso e devo me demorar. E resolvi me demorar no cheiro dos livros, na visão da roda-gigante iluminada que me lembra a própria vida, no som de uma conversa amiga, no gosto conhecido de uma receita antiga. Sem pressa, sem corridas, sem cobranças. Apenas pelo prazer de estar na vida que escolhi, uma vida vestida de sorrisos, buscadora de motivos que curem, apascentem e aquietem o coração…
(Revista Pazes)

A ARTE DE SER FELIZ



Houve um tempo em que a minha janela se abria para um chalé. Na ponta do chalé brilhava um grande ovo de louça azul. Nesse ovo costumava pousar um pombo branco. Ora, nos dias límpidos, quando o céu ficava da mesma cor do ovo de louça, o pombo parecia pousado no ar. Eu era criança, achava essa ilusão maravilhosa, e sentia-me completamente feliz.
Houve um tempo em que a minha janela dava para um canal. No canal oscilava um barco. Um barco carregado de flores. Para onde iam aquelas flores? Quem as comprava? Em que jarra, em que sala, diante de quem brilhariam, na sua breve existência? E que mãos as tinham criado? E que pessoas iam sorrir de alegria ao recebê-las? Eu não era mais criança, porém minha alma ficava completamente feliz.
Houve um tempo em que a minha janela se abria para um terreiro, onde uma vasta mangueira alargava sua copa redonda. À sombra da árvore, numa esteira, passava quase todo o dia sentada uma mulher, cercada de crianças. E contava história. Eu não a podia ouvir, da altura da janela; e mesmo que ouvisse, não entenderia, porque isso foi muito longe, num idioma difícil. Mas as crianças tinham tal expressão no rosto, e às vezes faziam com as mãos arabescos tão compreensíveis, que eu que não participava do auditório imaginava os assuntos e suas peripécias e me sentia completamente feliz.
Houve um tempo em que a minha janela se abria para uma cidade que parecida feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre homem com um balde e, em silêncio ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros, e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Marimbondos: que sempre parecem personagens de Lope da Vega. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outras dizem que essas coisas só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.
(Cecília Meireles)


* Crônica extraída do Livro “Escolha o seu sonho” de Cecília Meireles. 4ª ed., Rio de Janeiro: Global Editora, 2016.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

O QUE É BOM PARA VOCÊ...


"O que é bom para você, pode não ser visto assim pelo outro. O que é um sonho para você, pode não ser para o outro. O que é a sua realização, não é a do outro. Cada pessoa tem sua história, constrói sua vida e seus objetivos. Cada um lida e vê a vida de uma forma."
(Thamilly Rozendo)

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

VINÍCIUS TINHA RAZÃO...



Vinícius tinha razão:  ”O sofrimento é o intervalo entre duas felicidades

A vida não é um comercial da margarina. O correr dela envolve aprendizagem nos piores momentos, alegrias depois de muito esforço e cura depois de muitas feridas. E, para piorar, bate no estilo que Rocky Balboa definiu: “ninguém vai bater mais forte do que a vida. Não importa como você vai bater e sim o quanto aguenta apanhar e continuar lutando; o quanto pode suportar e seguir em frente. É assim que se ganha”.

Há muitas teorias sobre felicidade e sobre como alcançá-la, inclusive a de que você tem que correr atrás para merecê-la. Quanta bobagem! Primeiro porque felicidade não é um objetivo a ser alcançado, segundo porque você não é um maratonista da São Silvestre. Que fique claro: felicidade é um estado de espírito e não um objetivo de vida.

É bom estarmos felizes mas, nesse estágio, não há nenhum tipo de aprendizagem. Para que possamos evoluir como seres humanos, muitas vezes, a felicidade vem embalada em um papel de sofrimento. Entenda que não há felicidade sem dor e não há dor sem aprendizagem. Ninguém aprende sobre economia, se nunca precisou economizar. Ninguém aprende sobre morte, se nunca enfrentou um luto. Ninguém adquire inteligência emocional, se nunca foi rejeitado.

Estar no processo de aprendizagem, mesmo que diante de um sofrimento, é enriquecedor. Aprendemos a repartir, a ser solidários, a sermos compreensíveis. O que, aliás, não aconteceria se a vida fosse só risos. A verdade a gente precisa mesmo de uns tapas na cara para enxergar a realidade tal qual ela é e para aprender a valorizar o que, realmente, importa.

Note que as pessoas mais incríveis do mundo são dotadas de sabedoria, de inteligência e discrição e adquiriram essas qualidades depois de muitas lágrimas. As músicas mais belas foram criadas em um momento de melancolia e os poemas mais profundos em um momento de saudade. Então, meu caro, sinta-se privilegiado em sofrer.

Vinícius só soube falar de solidão, depois de passar por nove grandes amores e definia a alegria como, quase, inatingível (tão romântico, quanto exagerado). “É curioso, a alegria não é um sentimento nem uma atmosfera de vida nada criadora. Eu só sei criar na dor e na tristeza, mesmo que as coisas que resultem sejam alegres. Não me considero uma pessoa negativa, quer dizer, eu não deprimo o ser humano. É por isso que acho que estou vivendo num movimento de equilíbrio infecundo do qual estou tentando me libertar. O paradigma máximo para mim seria: a calma no seio da paixão. Mas realmente não sei se é um ideal humanamente atingível.”

Beethoven redigiu a Nona Sinfonia em momentos de profunda tristeza e Fernando Pessoa escreveu a maioria de seus textos quando se sentia entediado (isso explica, talvez, tantos heterônimos). Agora seja sincero, o que leva você a pensar que a vida seria diferente com você?

Pode parecer estranho, mas tão importante quanto o amor, é o sofrer. Se sem o amor a vida é triste, sem o sofrimento não há evolução intelectual e emocional. Proust afirmava que “Só nos curamos de um sofrimento depois de o haver suportado até ao fim”. Sofrimento é passageiro, mas o ensinamento adquirido com ele, eterno. É preciso ver além do muro e acreditar que dias melhoras virão.

Ninguém sofre para sempre, nem chora o tempo todo. Sempre haverá outros amores, outros motivos, outras alegrias. Encarar um sofrimento como um desafio é ser merecedor da felicidade que virá depois dele.

    Aprenda a superar os desafios impostos pela vida. Chore, grite, sofra, mas supere. Porque sofrer é teu direito, mas superar é sua obrigação.
(Pamela Camocardi)

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

REFLETINDO SOBRE A VIDA



A vida acaba num estalar dos dedos...
Às vezes, passamos pela vida dando valor ao que, realmente, não vale nada.
Diga que ama - não deixe pra depois -, aproveite a companhia de gente boa e amiga, perdoe sempre, resolva as pendências e os mal-entendidos...

Sabe por quê?
NÃO SE LEVA NADA DESSA VIDA!
Por isso, curta a vida.

Então...
Pratique o bem, tenha mais leveza nas atitudes, se desapegue das coisas materiais/supérfluas, procure ter calma, invista em você sempre, fique o máximo que puder ao lado de quem o/a faz rir, pense menos, não se atole em muitos compromissos, seja gentil, educado/a e generoso/a, contagie-se com coisas boas, não dimensione situações desgastantes, procure ter bom humor ao lidar com erros, não lamente... a g r a d e ç a!

NÃO LEVE A VIDA TÃO A SÉRIO!
Nair Pimenta