quinta-feira, 6 de outubro de 2016

ENCERRANDO CICLOS


Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos - não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram. 

Foi despedido do trabalho? Terminou uma relação? 
Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? 
A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações? 

Você pode passar muito tempo se perguntando, por que isso aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo, enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas, tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado. 

Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.

As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora. Por isso, é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração - e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar. 

Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.

Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto, às vezes, ganhamos, e, às vezes, perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.

Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do “momento ideal”. Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará. 

Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é.

(Nota: o texto Encerrando Ciclos não é de Fernando Pessoa ou de Paulo Coelho)

Glória Hurtado
Obse.: A confusão acerca da autoria deste texto se deve ao fato de Paulo Coelho, no jornal "O Globo" de 22/08/2004, ter modificado ligeiramente e transcrito o texto original, que Gloria Hurtado havia publicado no Jornal El Pais de Cali, em 21/01/2003.

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

PERCO...



"Perco a noção do tempo, mas nunca o sentido da vida... Perco as pessoas que amo, mas nunca o amor por elas... Perco vários colegas, mas nunca os verdadeiros amigos...Perco a coragem, mas nunca perco a fé... E mesmo que eu perca tudo, nunca perco a esperança de ter tudo outra vez!"

sexta-feira, 8 de julho de 2016

ENQUANTO...


AMORES ETERNOS...


“Amores eternos existem e não há caretice alguma nisso. Mas só há duas maneiras de torná-los eternos: ou a gente os rotula como tal e se acomoda, ou a gente analisa, discute, amadurece, chora, pensa, repensa, ama, odeia, enfrenta, tenta, tenta e tenta de novo. É cansativo. Exige construção e demolição de fantasias, encontros e desencontros. São esses os amores que ficam pra sempre: aqueles que dão tanto trabalho que a gente mal consegue perceber sua eternidade."
(Martha Medeiros)

sexta-feira, 24 de junho de 2016

INSPIRAÇÃO DE DOM HÉLDER CÂMARA


"Se eu aprender inglês, francês, espanhol, alemão, chinês e dezenas de outros idiomas, mas não souber me comunicar como pessoa, de nada valem todas as minhas palavras.
 Se eu concluir um curso superior, andar de anel no dedo e frequentar cursos e mais cursos de atualização, mas viver distante dos problemas do povo, minha cultura não passa de uma inútil erudição.
       Se eu morar no Nordeste, mas desconhecer os sofrimentos de minha região e fugir para as férias no sul e até na América e Europa, e nada fizer pela promoção do homem, não sou cristão.
      Se eu possuir a melhor casa da minha rua, a roupa mais avançada do momento e o sapato da moda e não me lembrar que sou responsável por aqueles que moram na minha cidade, andam de pé no chão e se cobrem de sujo e mulambo, sou apenas um manequim colorido.
    Se eu passar um fim de semana em festas, boates, farras e programas, sem ver a fome, o desemprego, o analfabetismo e a doença, sem escutar o grito abafado do povo que se arrasta à margem da história,  não sirvo pra nada.
      O cristão não foge dos desafios de sua época, não fica de braços cruzados, de boca fechada, de cabeça vazia, não tolera a injustiça e nem as desigualdades gritantes do nosso mundo; luta pela verdade e pela justiça com as armas do Amor.
      O cristão não desanima, não desespera diante das derrotas e das dificuldades, porque sabe que a única coisa que vai sobrar de tudo isso é o AMOR."
(Baseado na Carta de São Paulo aos Coríntios, Cap.13)


Dom Helder Câmara

quarta-feira, 22 de junho de 2016

VIVER DÁ TRABALHO...



"Viver dá trabalho, me disse um amigo, outro dia. Dá, sim. Dá, também. Desconfio até que tem dado mais, ultimamente. Tenho a impressão de que as sombras todas, individuais e coletivas, estão vindo à tona numa celeridade inédita. Otimista que sou, acredito que é para transformar, mas haja luz para nos entendermos com elas. Em nenhum outro momento da minha vida, eu vi tanta crueldade, tanta expressão da ignorância, tanta feiúra de alma. Vivemos uma crise muito séria de empobrec
imento dos valores humanos mais básicos. E não é lá longe, não. É tudo muito perto da gente, até porque, de uns tempos pra cá, o mundo parece estar no quintal da nossa casa. Querendo ou não, somos informados, diariamente, sobre fatos de fazer o coração se arrepiar todinho de espanto. Dá trabalho, sim.
É também por isso, para compensar um pouco essas feiúras todas, para buscar equilíbrio para o olhar, que eu procuro não perder as oportunidades para descobrir e apreciar coisas bonitas. Aquelas que os olhos e o coração veem juntos e aquelas que só o coração pode ver."

(Ana Jácomo)

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Eu sei que amanhã vai passar, mas hoje está doendo muito…


Muitas vezes, não queremos ouvir ninguém nos dizendo que aquilo vai passar, que amanhã será um novo dia, que temos de ser persistentes, pois sairemos mais fortes daquilo tudo. Queremos apenas que alguém entenda a nossa dor e nos deixe sentir todo o amargor daquele momento doído.

Nossa primeira reação ao ver uma pessoa querida sofrendo é tentar lhe transmitir esperança, no sentido de confortar a sua dor. Para isso, costumamos encorajá-la a olhar para o futuro, dizendo-lhe que aquilo tudo tem algum propósito e ela ainda haverá de entender, que tudo o que nos acontece é útil e necessário, entre outras palavras de conforto.

Muitas vezes, porém, não queremos ouvir ninguém nos dizendo que aquilo vai passar, que amanhã será um novo dia, que temos de ser persistentes, pois sairemos mais fortes daquilo tudo. Queremos apenas que alguém entenda a nossa dor e nos deixe sentir todo o amargor daquele momento doído, alguém que nos permita ser fracos e inseguros naquele instante, permanecendo ao nosso lado, se possível com um silêncio que acolha e transmita compreensão.

Todos sabemos que os tombos nos fortalecem e trazem aprendizados importantes ao nosso amadurecimento pessoal. Também sabemos que o tempo ameniza o sofrimento e traz novas esperanças, novos motivos para continuarmos sonhando nossos ideais de vida. Porém, no momento em que estivermos imersos na escuridão inconsolável, sentindo-nos a pior das pessoas, muito pouco nos adiantarão quaisquer palavras que tratem do futuro, porque o hoje estará nos aniquilando.

Isso não quer dizer que não precisaremos de gente ao nosso lado nos dando forças durante nossas misérias emocionais; isso quer dizer que precisaremos de alguém que, antes de tudo, demonstre entender o que estamos sentindo e nos permita passar por aquilo, até que o fundo do poço não mais nos caiba. Quem sofre precisa de consolo empático, precisa saber que o outro entende e vai deixá-lo sofrer o que tiver que ser seu até que consiga expulsar aquilo tudo de sua vida.

Então, quando as nuvens começarem a se dissipar, quando os raios de sol conseguirem alcançar o rosto de quem padecia na escuridão, aquele que esteve ali ao seu lado fará toda a diferença, ajudando-o a voltar ao caminho de ida, à jornada de busca da felicidade que com certeza ainda estará por vir. Caminhar junto é preciso, mas saber a quem dar as mãos enquanto se constroem os sonhos que sustentarão essa jornada determinará a qualidade de vida e de amor que levaremos em nossos corações.

(Marcel Camargo)