sexta-feira, 24 de junho de 2016

INSPIRAÇÃO DE DOM HÉLDER CÂMARA


"Se eu aprender inglês, francês, espanhol, alemão, chinês e dezenas de outros idiomas, mas não souber me comunicar como pessoa, de nada valem todas as minhas palavras.
 Se eu concluir um curso superior, andar de anel no dedo e frequentar cursos e mais cursos de atualização, mas viver distante dos problemas do povo, minha cultura não passa de uma inútil erudição.
       Se eu morar no Nordeste, mas desconhecer os sofrimentos de minha região e fugir para as férias no sul e até na América e Europa, e nada fizer pela promoção do homem, não sou cristão.
      Se eu possuir a melhor casa da minha rua, a roupa mais avançada do momento e o sapato da moda e não me lembrar que sou responsável por aqueles que moram na minha cidade, andam de pé no chão e se cobrem de sujo e mulambo, sou apenas um manequim colorido.
    Se eu passar um fim de semana em festas, boates, farras e programas, sem ver a fome, o desemprego, o analfabetismo e a doença, sem escutar o grito abafado do povo que se arrasta à margem da história,  não sirvo pra nada.
      O cristão não foge dos desafios de sua época, não fica de braços cruzados, de boca fechada, de cabeça vazia, não tolera a injustiça e nem as desigualdades gritantes do nosso mundo; luta pela verdade e pela justiça com as armas do Amor.
      O cristão não desanima, não desespera diante das derrotas e das dificuldades, porque sabe que a única coisa que vai sobrar de tudo isso é o AMOR."
(Baseado na Carta de São Paulo aos Coríntios, Cap.13)


Dom Helder Câmara

quarta-feira, 22 de junho de 2016

VIVER DÁ TRABALHO...



"Viver dá trabalho, me disse um amigo, outro dia. Dá, sim. Dá, também. Desconfio até que tem dado mais, ultimamente. Tenho a impressão de que as sombras todas, individuais e coletivas, estão vindo à tona numa celeridade inédita. Otimista que sou, acredito que é para transformar, mas haja luz para nos entendermos com elas. Em nenhum outro momento da minha vida, eu vi tanta crueldade, tanta expressão da ignorância, tanta feiúra de alma. Vivemos uma crise muito séria de empobrec
imento dos valores humanos mais básicos. E não é lá longe, não. É tudo muito perto da gente, até porque, de uns tempos pra cá, o mundo parece estar no quintal da nossa casa. Querendo ou não, somos informados, diariamente, sobre fatos de fazer o coração se arrepiar todinho de espanto. Dá trabalho, sim.
É também por isso, para compensar um pouco essas feiúras todas, para buscar equilíbrio para o olhar, que eu procuro não perder as oportunidades para descobrir e apreciar coisas bonitas. Aquelas que os olhos e o coração veem juntos e aquelas que só o coração pode ver."

(Ana Jácomo)