Gosto de gente que sabe ser gente, que chora, que rir, que se diverte e que
habita na imensidão de ser. Que bebe goles de sensatez, mas se embriaga com doses
extras de felicidade extravagante. Os seres abastados de sentimentos bonitos e
que carregam consigo paraísos internos me parecem valer a pena descobrir.
Gosto de gente para admirar, tocar e amar, que abriga qualidades, mas
mostra-se imperfeita, frágil e com defeitos. Me encantam os que sabem me receber
quando cruzo seu caminho, que me convidam não só pro seu mundo mas topam
desbravar pelo meu.
Dou preferência aos que me amam apesar da minhas melancolias, dramas,
crises existenciais e medos. Os que comemoram comigo nas pequenas e grandes
alegrias, mas que sabem me transmitir paz num dia mau. Gosto dos questionadores,
dos que divagam, dos que permanecem comigo por anos e que me fascinam na
simplicidade do existir.
Gosto dos ares, dos arredores, de novos rostos, de outras civilizações, da
diversidade do mundo e ao mesmo tempo da sua mesmice. Gosto do fato de sermos
seres tão parecidos e ao mesmo tempo únicos, do quanto essa exclusividade pode
completar a vida do outro com qualidades e defeitos que só existem em nós.
Necessários são os que apesar de tudo continuam na minha vida. Apesar dos
quilômetros, das horas, das tempestades e oposições. Apesar dos medos, coragens
e confusões. Preciso de gente que vá além das palavras, com quem eu possa contar
apesar de uma fase difícil, apesar dos anos de distância.
Preciso de pessoas que me amem na riqueza, na pobreza, na saúde e na
doença. Que sejam amigas, sejam amores, sejam parceiras. Que deem valor ao que
foi dito como se estivesse registrado e escrito. Prefiro as que me doam
intensidade, alegria e contribuam na insanidade de viver. Preciso de verdade não
de fingimento.
O resto é excesso. A outra parte eu dispensso.
(Martha Medeiros)