Quando ficamos mais velhos vamos
aprendendo a guardar o silêncio, e diz a sabedoria que a palavra é de prata e o
silêncio é de ouro. Concordo plenamente com o ditado popular, mas como todas as
regras, as exceções podem perturbar demais a vida das pessoas, porque deixar de
falar para não magoar o outro pode se tornar um vício bem negativo no
comportamento das pessoas.
Respeito não tem a ver diretamente
com silêncio. Aliás, podemos nos desrespeitar muito nos omitindo, não mostrando
aquilo que sentimos, assim como podemos também causar um grande tumulto interno
e até doenças guardando sentimentos.
Relações saudáveis deveriam suportar críticas, erros e horas da verdade. E se acaso você não confia plenamente em si mesmo para mostrar o que sente, cabe se perguntar se está realmente tendo uma atitude amorosa, política ou se está se escondendo, fazendo de conta que não sente o que sente.
Claro que nenhum relacionamento,
amizade ou casamento suporta gritos, berros sem sentido, falta de educação.
Aliás, respeito é a base de qualquer relação e, mesmo para aqueles que não
tiveram essa referência na infância, o passado em desalinho não justifica falta
de amor, de gentileza, no momento atual. A menos que a pessoa ainda não tenha despertado
para a consciência de que está semeando o seu destino todos os dias, e também
colhendo, porque a cizânia e o mal humor apenas impulsionam o levante de
energias negativas, pobreza, desafeto, e raiva, no mundo à sua volta. Assim,
não falar para os outros aquilo que você pensa ou sente não impedirá você de
receber o troco da energia semeada.
Gentileza gera gentileza, afeto gera
afeto, mas tem que vir do coração. Não adianta odiar e falar suave. A suavidade
vem de uma alma pura, de um sentimento puro. Agora se você tem raiva, se ficou
magoado, se não gostou da atitude de alguém, pode ser que não seja adequado
responder na hora. Pode ser que não caiba naquele momento uma reprimenda, ou
argumentação, mas também não cabe dentro do seu peito carregar uma raiva pela
vida toda... Seu coração não suportará a vida inteira esta mágoa que num
momento ou noutro se transformará em doença. E para evitar esse tipo de
situação, por favor, amigo leitor, cuide-se. Procure uma terapia, pois
desabafar e descobrir forças em si mesmo para lidar com a dor o ajudará a
crescer e pontuar seus limites. Limites também trazem felicidade.
Quando nos sentimos desrespeitados,
por mais que haja amor na relação, ficamos abalados. E, não falar o que
pensamos, não impede que o outro perceba e reaja às emanações de raiva ou de
tristeza que vem do seu íntimo. Porém, o círculo negativo pode terminar quando
esclarecemos os sentimentos.
Mas, lembre-se sempre de usar o
filtro do amor e do mergulho interior, tente também não se confundir, porque quando
estamos tristes podemos interpretar muito mal aquilo que recebemos. Assim, mais
uma vez realço a importância do autoconhecimento, da meditação, e da terapia.
Pois se você se amar mais, se respeitar mais, não precisará de silêncios
artificiais. A fala fluirá normalmente e você terá sabedoria o suficiente para
amar o outro, e respeitar seus momentos, assim como também para se amar e saber
a hora de falar e a hora de calar.
Maria Silvia Orlavas