Conviver com o “diferente” é um
desafio. Ao pensarmos em “diferenças”, vem-nos logo a mente, as várias nuances
do “diferente”: social, cultural, religiosa, racial e física.
Se encaminharmo-nos por um desses aspectos, certamente, teremos relacionamentos
humanos dificultosos, gerando exclusões e, bem nítido, preconceitos.
Mesmo que neguem, ainda há
intolerância para com o “diferente”.
Está muito presente nas relações, sejam de trabalho, pessoal ou afetiva.
Convive-se com ele diariamente e, muitas vezes, não se percebe a maneira como
as “ações delimitadoras” são praticadas, sobre o que é certo ou não.
Quando ficamos presos às “pessoas
iguais” a gente, aos nossos pares – mesmo assim há diferenças -, corremos o risco
da estagnação, da limitação, por não haver trocas.
Agora, a diferença é essencial, sim, para o nosso aprendizado, para o nosso
crescimento enquanto pessoa. E é inevitável não conviver com ela.
Viver em uma comunidade não é uma
tarefa fácil para qualquer pessoa; requer paciência e respeito pelos hábitos e
pelas características dos outros. Uma coisa é certa: todos nós temos perante a
Constituição os mesmo direitos e deveres, tornando-nos relativamente iguais.
Torna-se urgente reacendermos o sonho de uma sociedade mais
solidária, mais justa, e que haja relações de respeito à diversidade.
Leiamos o texto da psicóloga Flávia Machado.
“Cada pessoa é um ser único no mundo, com uma
história de vida própria somente por ela experimentada.
Você já parou para pensar que ninguém pode sentir o que
você sente, da forma como você sente ? A sua alegria é só sua, a sua dor e
tristezas são só suas. A forma como você enfrenta uma perda, por exemplo, é
diferente da forma de outra pessoa. Porque você é um ser singular neste mundo,
nem os gêmeos pensam e sentem de forma igual.
Muitas de nossas dificuldades nas relações estão justamente
porque esperamos que o outro aja conforme nós agimos. Quando encontramos alguém
parecido conosco, que alegria! Esse encontro nos traz satisfação e
reconhecimento. É ótimo nos relacionarmos com uma pessoa que pensa de forma
semelhante a nossa. Mas, quando o contrário acontece, que desastre! Entramos em conflito. Como
vamos "corrigir" esta outra pessoa? Como vamos conviver com ela?
Se realmente você
entende que o outro é diferente de você, esse conflito será tratado nas suas
devidas proporções. Então, as atitudes dos outros não terão o peso de serem da
forma como você espera. Por exemplo, se uma pessoa esqueceu seu aniversário e
ela continua sendo sua amiga. Não é porque ela não gosta suficientemente de
você, pois você não esqueceria o aniversario dela, pode ser que comemorar um
aniversario não seja tão importante para ela, como é para você (por mais
incrível que isso possa parecer).
Antes de compreendermos e aceitarmos a diferença do outro, devemos compreender e aceitar a nossa própria diferença. Devemos também não nos culpar por não sermos como o outro quer que sejamos. Devemos reconhecer que podemos errar, que somos limitados e que não atenderemos sempre às expectativas dos outros. Assim, começamos a perceber que não é difícil conviver com o diferente, mas é difícil pararmos de agir com o outro como se esse outro fosse nossa extensão ou como se fosse nós mesmos.”
Antes de compreendermos e aceitarmos a diferença do outro, devemos compreender e aceitar a nossa própria diferença. Devemos também não nos culpar por não sermos como o outro quer que sejamos. Devemos reconhecer que podemos errar, que somos limitados e que não atenderemos sempre às expectativas dos outros. Assim, começamos a perceber que não é difícil conviver com o diferente, mas é difícil pararmos de agir com o outro como se esse outro fosse nossa extensão ou como se fosse nós mesmos.”