quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A BOA ÁRVORE



Letícia Thompson

A vida não nos oferece garantias. Quem ousaria assinar embaixo de uma decisão e afirmar que ela é cem por cento boa, sem nenhuma margem possível de engano?

Enfrentamos todos situações assim, onde nos sentimos lá e cá, temos que tomar uma decisão e não sabemos exatamente qual caminho escolher. Muitas vezes sabemos até o que queremos (e o que não queremos!) porém não podemos afirmar com certeza que aquilo será bom para nós, por mais que nossos sonhos nos levem para longe.

O que nos impede de querer tomar decisões são as possíveis conseqüências delas no nosso modo de vida. Nessas horas recorremos aos amigos ou alguém em quem tenhamos confiança. Mas não podemos nos esquecer de uma coisa: pedir conselhos pode ser bom e útil para avaliarmos as situações, mas não transfere a responsabilidade que pesa nos nossos ombros.

Mas, claro, colocamos o pé nessa estrada da vida e o jeito é caminhar.

Só é preciso, nesses momentos, evitar os extremos: nem tomar decisões precipitadas e nem levar um tempo infinito pensando no que fazer. Devemos pedir a orientação d'Aquele que tudo sabe e tentar reconhecer os sinais que nos indicarão o caminho... sem nos esquecer que nossa condição humana somada aos nossos desejos podem nos conduzir a caminhos errados. Mas se devemos ir, então, façamos a nossa bagagem e peguemos esse trem.

O tempo vai nos dizer se o que fizemos foi acertado ou não. Só mesmo o tempo. Vamos esperar a estação dos frutos. Se forem bons, saudáveis, é que a árvore é boa e então é só seguir em frente. E se por acaso não houver, se as dificuldades nos mostrarem que erramos, nada nos impede de reconhecer nosso erro. Nada, a não ser nosso orgulho.

O fracassado não é o que erra e assume, mas o que desiste de tentar de novo. O orgulhoso que teima numa decisão errada só para não ter que admitir, a si e aos outros, que não fez a boa escolha, vai continuar no caminho e será obrigado a comer desse pão para o restante dos seus dias.

Aos outros novas oportunidades serão dadas, novas árvores serão plantadas e os frutos vão se oferecer a ele como o maná, um presente vindo do próprio Deus.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O CORAÇÃO E A SAUDADE


© Letícia Thompson
Não é difícil falar de saudade: doloroso é vivê-la. Difícil é amá-la quando dilacera o coração e o deixa em pedaços.

Acho que encontrei uma explicação pela qual ela parece tão insuportável quando ficamos muito tempo longe das pessoas que amamos: como o coração é apenas do tamanho de uma mão fechada e a saudade algo que cresce a cada dia, cada minuto que passa ela vai ocupando mais espaço e o coração se sentindo cada vez mais apertado. Sem o outro ele se sente sem ar.

Por isso essa sensação de se sentir sufocado e a impressão que o coração vai explodir dentro do peito. Por isso os olhos ardem e as palavras desmancham-se dentro de nós.

Mas a saudade é deliciosa!!!

É ela quem nos mostra aqueles que contam realmente na nossa alma, os que escreveram para sempre seus nomes nas paredes do nosso coração e, aconteça o que acontecer, permanecerão lá, intactos.

É dela que não queremos nos desprender, a qual nos agarramos como uma tábua de salvação que nos conduzirá à outra margem... onde encontraremos aqueles que vencem as distâncias e os infinitos e continuam do nosso lado ignorando as barreiras do impossível e do invisível.

Sabemos que amamos quando a saudade bate à nossa porta e não encontramos forças para não deixá-la entrar. Nos entregamos.

A saudade é a doce arte de saber misturar o amor, a dor e a esperança. É a herança dos que abriram o coração para amar...



sexta-feira, 10 de agosto de 2012

SEJA SIMPLESMENTE VOCÊ



Hoje, decidi fazer algo novo.

Decidi ouvir o som, abafado, do meu sussurro e entender que algumas coisas são inexplicáveis e permanecerão, para sempre imutáveis.

Meu coração rendeu-se ao silêncio, e pude perceber que há, também, muitas outras coisas que podem ser lançadas no mar do esquecimento, e, essa atitude, mudar, definitivamente… a história da minha vida.

Olhei-me, atentamente, pela primeira vez e vi-me como, realmente, sou.

Olhei-me sem hipocrisia, sem máscaras, sem desculpas, desnudei-me de mim mesmo…

Meu coração guiou-me a um encontro com a minha Humanidade.

Pude perceber que tornar-me humana significa reconhecer que não sou perfeita, que sou passível de errar, que não preciso ter todas as respostas.

Percebi que tenho deficiências, áreas de sombra, desejos ocultos… fraquezas que não podem ser confessadas.

Rasguei-me, por dentro, ao confrontar-me com minha Humanidade.

Percebi que viver no contexto da eternidade significa considerar-se infalível, ser cheio de arrogância, achar-se acima do bem e do mal, ser intolerante, julgar as pessoas por suas falhas, não ser compassivo, chegar ao extremo na busca pela perfeição.

Que alto preço a se pagar. Entretanto, não abro mão mais da minha Humanidade.

Cometerei erros, terei decepções, sofrerei, mas, também, serei mais tolerante, menos arrogante, mais compreensivo e saberei amar, de uma maneira plena, livre de pré-conceitos e preconceitos…

Essa será minha eterna busca: morrer para mim mesmo, e renascer, mais humano, a cada novo dia.

(Heloisa Amaral de Souza)