terça-feira, 26 de junho de 2012

SOU O PRÓPRIO TEMPO


Sou o próprio tempo
que marca em mim.
O tempo de ser eu mesmo,
de enfrentar meus conflitos,
conviver com meus fantasmas,
Sim, quem não os tem?
Sou horas, minutos e segundos,
que, às vezes, são tão marcantes
quanto a efemeridade
do que ainda não aconteceu.

Sou o próprio tempo que deixa sinais,
pequenos riscos na alma,
lembranças que vão me transformando.
Sei onde piso, apesar do medo;
sei onde vou, apesar da incerteza.

Sou eu mesmo quem se arrisca
em amores frustrados,
empregos cansativos,
amigos nem tão amigos assim
e pessoas vazias,
que me deixam entediado.

Sou o próprio tempo
e não sou dono de nada,
nem do meu tempo, que me cobra tanto
coisas que fiz e que ainda tenho que fazer.
Quantas delas poderei aproveitar?
O que é realmente importante?
Não sei... O tempo, quem sabe, um dia dirá.

Por enquanto, quero viver e
ser dono de alguns minutos.
Tempo suficiente
para me arriscar em um novo amor,
porque sem amor não vejo graça no tempo,
que se arrasta lentamente
na solidão do meu quarto.

Por isso, sou o próprio tempo,
e desejo que o tempo que me resta
seja feito de sonhos,
recheados com esperanças,
e delicadamente coberto com amor,
como se o tempo fosse um doce,
um desejo de infância,
um tempo de ser feliz.
 
Paulo Roberto Gaefke

sábado, 23 de junho de 2012

VISTA CANSADA


Otto Lara Resende
Acho que foi o Hemingway quem disse que olhava cada coisa à sua volta como se a visse pela última vez. Pela última ou pela primeira vez? Pela primeira vez foi outro escritor quem disse. Essa idéia de olhar pela última vez tem algo de deprimente. Olhar de despedida, de quem não crê que a vida continua, não admira que o Hemingway tenha acabado como acabou.


Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver. O diabo é que, de tanto ver, a gente banaliza o olhar. Vê não-vendo. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.
Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.


Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima idéia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também que ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.


Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.














JEITO DE OLHAR

"O que faz a gente se apaixonar uns pelos outros não é o que o outro nos fala,
é o jeito como o outro nos olha."
Pe. Fábio de Melo

quinta-feira, 21 de junho de 2012

"NÃO TENHO MEDO DE VIVÊ-LA"

"Construí amigos, enfrentei derrotas, venci obstáculos, bati na porta da vida e disse-lhe:
'Não tenho medo de vivê-la'. "
(Augusto Cury)

OLHOS



"São os olhos, exatamente os olhos, que eu mais ouço. A vida tem me ensinado, ao longo da jornada, que as palavras muitas vezes mentem. Os olhos, geralmente, não desmentem o que diz o coração.''
(Ana Jácomo)

quarta-feira, 13 de junho de 2012

ANSIEDADE


"..as pessoas do nosso tempo são impacientes e querem ver os resultados antes de terem completado as causas..."
(Buddho por Phra Ajaan Thate Desaransi Traduzido do Tailandês por Thanissaro Bhikkhu)

Assim caminhamos sobre a face da Terra, impacientes e até agressivos, egoisticamente buscando o prazer imediato, os relacionamentos que não demoram, a comida fast, os amigos prestativos, de preferência que não critiquem, apenas ouçam, ou digam amém aos nossos problemas.

Rápido, mais rápido, já não aguentamos a lentidão da Internet que já usa o cabo, a banda larga, a fibra ótica, mas que ainda é lenta para nossa ansiedade.

Se tudo tem um tempo debaixo do sol, esse tempo deveria ser ontem e não amanhã, no conceito humano moderno, haja visto que as notícias correm o mundo em instantes, as cobranças chegam via e-mail, as traições são fotografadas em câmeras digitais e enviadas via internet em segundos, mas o coração continua sua marcha constante, bombeando sangue para as artérias, sem se preocupar com seu estado, alterando a pressão de acordo com a sua ansiedade, mas, sem deixar de fazer a sua parte.

Acalme sua mente, encontre um espaço para relaxar, um momento onde você possa contemplar, parar de julgar, analisar e criar situações que só você vê, tentar realmente descobrir o que você precisa, não o que pensa querer.

Neste exato momento, tolos e mais tolos estão correndo atrás do nada, buscando o imaginário, sofrendo por antecipação com o que nem sabem se irá acontecer ou não, muitos irão morrer nesta tarde por nada, pelo nada e levarão esse "nada" além túmulo, um vazio na alma, por não aprenderem a silenciar-se, a buscar dentro de si mesmos, as respostas que buscam, por jogar uma semente aqui e acolá e não terem tido paciência de esperar os frutos, preferiram ir ao super mercado, e acabaram comprando frutas verdes.

Você precisa descobrir o seu tempo, transformar a sua mente em um templo sagrado e respeitar a necessidade de esperar cada semente dar o seu fruto, você planta, você colhe, pode demorar um pouco, mas a colheita é certa, por isso, acalme-se, concentre-se no que realmente importa, descubra-se!

Paulo Roberto Gaefke