terça-feira, 31 de agosto de 2010

LAÇOS DE TERNURA


Simples assim, amizades não devem ser amarradas por nós,
precisam ser sustentadas através de laços.
Mas laços são frágeis, podem se desfazer a qualquer momento
com um simples toque ou um rápido movimento.

Ao mesmo tempo sabemos que existem laços muito bem dados,
com capricho, com carinho e que se tornam tão seguros
que mais parecem nós.
Mas não se parecem com nós que apertam,
que prendem, que são impossíveis de se desfazer.
Amizade é algo que precisa de liberdade e ao mesmo tempo
de segurança e um laço bem dado pode ser desfeito
a qualquer momento, mas pode também durar uma vida toda,
basta ser muito bem cuidado.

De qualquer forma não podemos esquecer que certos
nós também podem ser defeitos, aliás rapidamente desfeitos,
algumas pessoas são especialistas nisso.
Digo tudo isso pensando em amizades que mais se parecem
com obrigação e que vão se sustentando amarradas por nós
enquanto o tempo vai esvaziando-as.

Um amigo verdadeiro não nos suga,
não tripudia em cima de nós,
não vive a mercê apenas dos seus próprios interesses,
não exige, não impede o nosso direito de ir e vir.
Mas algumas amizades arrastam-se por aí amarradas
por um nó, dependentes e em nome de um passado
que se bem analisado não foi assim tão verídico.

A vida passa e com o tempo conseguimos enxergar
determinadas coisas que anteriormente não era possível.
O ser humano tem mesmo a fraqueza de
colocar vendas nos olhos quando se encanta com alguém.
Não que amigos não possam ter defeitos,
mas seus defeitos não podem ser direcionados
a nós com o intuito de nos contrariar e prejudicar.

Já dizia o velho ditado - o tempo mostra
quem é quem e ninguém é capaz de se
disfarçar a vida toda em alguém que não é.

Crie laços com as pessoas que te fazem bem,
que lhe parecem verdadeiras e desfaça os nós
que lhe prendem àquelas que foram significativas
na sua vida mas infelizmente, por vontade própria, deixaram de ser.

Nó aperta, laço enfeita...simples assim.
Silvana Duboc

RESPOSTAS PRECISAS

(Martha Medeiros)

Quem é você?
Do que você gosta?
Em que acredita?
O que deseja?

Dia e noite somos questionados e as respostas

costumam ser inteligentes, espirituosas e decentes.
Tudo para causar a melhor impressão aos nossos inquisidores.

Ora, quem sou eu!

Sou do bem, sou honesto, sou perseverante, sou bem-humorado,

sou aberto - não costumamos economizar atributos
quando se trata da nossa própria descrição.
Do que gostamos?
De coisas belas.
No que acreditamos?
Em dias melhores.
O que desejamos?
A Paz Universal.

Enquanto isso, o demônio dentro de nós,

revira o estômago e faz cara de nojo.
É muita santidade para um pobre-diabo,

ninguém e tão imaculado assim!
A despeito do nosso inegável talento como divulgadores

de nós mesmos e da nossa falta de modéstia ao descrever
nosso perfil no Orkut, a verdade é que o que dizemos,
não tem tanta importância.

Para saber quem somos, baste que se observe

o que fizemos da nossa vida.
Os fatos revelam tudo, as atitudes confirmam.

O que você diz - com todo respeito - é apenas o que você diz!

Quantos amigos você manteve?
Em que consiste sua trajetória amorosa?
Como educou seus filhos?
Quanto houve de alegria no seu cotidiano?

Se ficou devendo dinheiro.
Como lidou com tentativas de corrupção?
Em que circunstâncias mentiu?


Como tratou empregados, balconistas, porteiros, garçons?
Que impressão causou nos outros -

não naqueles que o conheceram por cinco dias,
mas com quem conviveu por vinte anos, ou mais?

Quantas pessoas magoou na vida?
Quantas vezes pediu perdão?
Quem vai sentir sua falta?

Pra valer! Vamos lá!

Podemos maquiar algumas respostas ou podemos

silenciar sobre o que não queremos que venha à tona. Inútil.
A soma dos nossos dias assinará este inventário.


Fará um levantamento honesto.
Cazuza já nos cutucava: "... suas idéias correspondem aos fatos?"
De novo: o que a gente diz, é apenas o que a gente diz.
Lá no finalzinho da vida que construímos é que se revelará
o mais eficiente detector de mentiras.

Entre a data do nosso nascimento

e a desconhecida data da nossa morte,
acreditamos ainda estar no meio do percurso,
então seguimos nos anunciando como bons partidos,
incrementamos nossas façanhas, abusamos da retórica
como se ela fosse uma espécie de photoshop
que pudesse sumir com nossos defeitos.

Mas é na reta final que nosso passado nos calará e responderá por nós.

O SAL E A DOR



ONDE VOCÊ COLOCA O SAL?

O velho mestre fez uma analogia entre o sal e o sofrimento que passamos em nossa vida. Pediu a um jovem muito triste que enchesse a mão de sal, derramasse em um copo d'água e o bebesse.
- Qual é o gosto? - perguntou o Mestre.
- Ruim - disse o aprendiz.
O mestre sorriu e pediu ao jovem que pegasse outra mão cheia de sal e levasse a um lago. Os dois caminharam em silêncio e o jovem jogou o sal no lago. Então o velho disse:
- Beba um pouco da água do lago.
Enquanto a água escorria do queixo do jovem, o mestre perguntou:
- Qual é o gosto?
- Bom! disse o rapaz.
- Você sente o gosto do sal? perguntou o Mestre.
- Não, disse o jovem.
O mestre então, sentou ao lado do jovem, pegou carinhosamente em suas mãos e disse:
- A dor na vida de uma pessoa não muda. Mas o sabor da dor depende de onde a colocamos. Quando você sentir dor, a única coisa que você deve fazer é aumentar o sentido de tudo o que está à sua volta. É dar mais valor ao que você tem do que ao que você perdeu. Em outras palavras: é deixar de ser copo para tornar-se um lago.

(Texto atribuído ao escritor Paulo Coelho)

sábado, 28 de agosto de 2010

REVERÊNCIA AO DESTINO


"Reverência ao destino" expressa as contradições do que achamos tão fácil de fazer, mas, ao mesmo tempo, há tantas outras coisas difíceis que deveríamos fazer e, algumas vezes, não atentamos plenamente para a sua importância.


Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião.
Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.

Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias.
Difícil é encontrar e refletir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.

Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir.
Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso. E com confiança no que diz.

Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação.
Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer. Ou ter coragem pra fazer.

Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado.
Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende. E é assim que perdemos pessoas especiais.

Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar.
Difícil é mentir para o nosso coração.

Fácil é ver o que queremos enxergar.
Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto. Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.

Fácil é dizer “oi” ou “como vai?”
Difícil é dizer “adeus”. Principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas…

Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que é transmitida. Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa. Difícil é amar completamente só. Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar. E aprender a dar valor somente a quem te ama.

Fácil é ouvir a música que toca.
Difícil é ouvir a sua consciência. Acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.

Fácil é ditar regras.
Difícil é seguí-las. Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros.

Fácil é perguntar o que deseja saber.
Difícil é estar preparado para escutar esta resposta. Ou querer entender a resposta.

Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.
Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.

Fácil é dar um beijo.
Difícil é entregar a alma. Sinceramente, por inteiro.

Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.
Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.

Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica.
Difícil é ocupar o coração de alguém. Saber que se é realmente amado.

Fácil é sonhar todas as noites.
Difícil é lutar por um sonho. Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

TESOUROS DA TERRA

“O homem que busca a fama, a riqueza e casos amorosos é
como uma criança que lambe mel na lâmina de uma faca.”
(Buda Sakyamuni)


Há caminhos invisíveis no ar, os pássaros o seguem e
chegam ao seu destino, mas os homens não os vêem.
Há trilhas nos rios, os peixes o seguem até a desova,
mas os homens não a vêem.
Há brisas no ar, e as nuvens entendem,
mas os homens não as sentem.

Em tudo existe a perfeição, mas o homem não vê,
procura desculpas nos defeitos do próximo,
sem conseguir olhar para a fonte de todo
o seu infortúnio: dentro dele mesmo.

Existe um espelho da alma, que reflete
o que realmente somos, e por mais brilhante
que seja a roupa, por mais adornos
que se carregue no pescoço, jóias exuberantes
que enfeitam até o sorriso,
nada esconde o nosso caráter,
o que carregamos no nosso intimo, nossos pensamentos.

Por isso, busque a essência de cada coisa,
a simplicidade do alimento, mastigando lentamente
cada porção e assim, saboreie a alimentação.
A beleza das flores e seus perfumes que inebriam,
as cores que nossos computadores ainda
não conseguem imitar, admire, respire, entregue-se.

Demore-se no abraço de quem te ama,
retribua com amor,
o carinho do filho, a dedicação dos pais,
a preocupação dos amigos,
a esperança de quem acredita em você.

Perca tempo com o seu tempo, abrindo espaço
para aumentar a sua cultura, lendo, meditando,
e concentrando-se no que vai fazer.
Faça o seu melhor, sempre!

Tenha tempo para a oração diária, não para pedir,
mas para fazer a ligação com o seu “eu” espiritual
que reconhece Deus nas entrelinhas da vida.
Descubra o invisível dentro das possibilidades
que existem em você.

No poder de transformar uma dor em um ato de amor,
doando vida, doando parte de você,
doando seu tempo para o bem maior.

O amor de Deus por você é invisível
aos olhos dos homens, mas reflete-se no seu rosto
todo o dia quando você diz sim para a vida.
Deus te ama profundamente,
e isso é visível no milagre de cada novo dia.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O PESO QUE A GENTE LEVA...


O perigo da viagem mora nas malas. Elas podem nos impedir de apreciar a beleza que nos espera. Experimento na carne a verdade das palavras, mas não aprendo. Minhas malas são sempre superiores às minhas necessidades. É por isso que minhas partidas e chegadas são mais penosas do que deveriam.

Ando pensando sobre as malas que levamos...

Elas são expressões dos nossos medos. Elas representam nossas inseguranças. Olho para o viajante com suas imensas bagagens e fico curioso para saber o que há dentro das estruturas etiquetadas. Tudo o que ele leva está diretamente ligado ao medo de necessitar. Roupas diversas; de frio, de calor – o clima pode mudar a qualquer momento! – remédios, segredos, livros, chinelos, guarda chuva – e se chover? –, cremes, sabonetes, ferro elétrico – isso mesmo! – Microondas? – Comunique-me, por favor, se alguém já ousou levar.

O fato é que elas representam nossas inseguranças. Digo por mim. Sempre que saio de casa levo comigo a pretensão de deslocar o meu mundo. Tenho medo do que vou enfrentar. Quero fazer caber no pequeno espaço a totalidade dos meus significados. As justificativas são racionais. Correspondem às regras do bom senso, preocupações naturais para quem não gosta de viver privações.

Nós nos justificamos. Posso precisar disso, posso precisar daquilo...

Olho ao meu redor e descubro que as coisas que quero levar não podem ser levadas. Excedem aos tamanhos permitidos. Já imaginou chegar ao aeroporto carregando o colchão para ser despachado?

As perguntas são muitas... E se eu tiver vontade de ouvir aquela música? E o filme que costumo ver de vez em quando, como se fosse a primeira vez?

Desisto. Jogo o que posso no espaço delimitado para minha partida e vou. Vez em quando me recordo de alguma coisa esquecida, ou então, inevitavelmente concluo que mais da metade do que levei não me serviu pra nada.

É nessa hora que descubro que partir é experiência inevitável de sofrer ausências. E nisso mora o encanto da viagem. Viajar é descobrir o mundo que não temos. É o tempo de sofrer a ausência que nos ajuda a mensurar o valor do mundo que nos pertence.

E então descobrimos o motivo que levou o poeta cantar: “Bom é partir. Bom mesmo é poder voltar!” Ele tinha razão. A partida nos abre os olhos para o que deixamos. A distância nos permite mensurar os espaços deixados. Por isso, partidas e chegadas são instrumentos que nos indicam quem somos, o que amamos e o que é essencial para que a gente continue sendo. Ao ver o mundo que não é meu eu me reencontro com desejo de amar ainda mais o meu território. É conseqüência natural que faz o coração querer voltar ao ponto inicial, ao lugar onde tudo começou.

É como se a voz identificasse a raiz do grito, o elemento primeiro.


Vida e viagens seguem as mesmas regras. Os excessos nos pesam e nos retiram a vontade de viver. Por isso é tão necessário partir. Sair na direção das realidades que nos ausentam. Lugares e pessoas que não pertencem ao contexto de nossas lamúrias... Hospitais, asilos, internatos...

Ver o sofrimento de perto, tocar na ferida que não dói na nossa carne, mas que de alguma maneira pode nos humanizar.

Andar na direção do outro é também fazer uma viagem. Mas não leve muita coisa. Não tenha medo das ausências que sentirá. Ao adentrar o território alheio, quem sabe assim os seus olhos se abram para enxergar de um jeito novo o território que é seu. Não leve os seus pesos. Eles não lhe permitirão encontrar o outro. Viaje leve, leve, bem leve. Mas se leve.


Padre Fábio de Melo

NÃO GOSTE DO AMOR...


Não goste do amor...
Goste de alguém que te ame,
alguém que te espere,
alguém que te compreenda
mesmo nos momentos de loucura;
de alguém que te ajude,
que te guie,
que seja seu apoio,
tua esperança, teu tudo.

Não goste do amor...
Goste de alguém que não te traia,
que seja fiel, que sonhe contigo,
que só pense em você,
que só pense no teu rosto,
na tua delicadeza, no teu espírito.
E não no teu corpo, nem em teus bens.

Não goste do amor...
Goste de alguém que te espere até o final,
de alguém que sofra junto contigo,
que ria junto a ti,
que enxugue suas lágrimas,
que te abrigues quando necessário,
que fique feliz com tuas alegrias
e que te dê forças depois de um fracasso.

Não goste do amor...
Goste de alguém que volte pra conversar
com você depois das brigas,
depois do desencontro,
de alguém que caminhe junto a ti,
que seja companheiro,
que respeite tuas fantasias, tuas ilusões.

Goste de alguém que te ame.
Não goste apenas do amor.

Luis Fernando Veríssimo

AME

"Ame profunda e passionalmente.
Você pode se machucar, mas é a única forma
de viver o amor completamente. "
Dalai Lama

ESPERANDO

"Se você não se atrasar demais,
posso te esperar por toda a minha vida."
Oscar Wilde

domingo, 22 de agosto de 2010

I Cor 13, 1-13

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos,
se não tiver amor, sou como um bronze que soa,
ou como um címbalo que tine.

E ainda que eu tivesse o dom da profecia e conhecesse todos os mistérios
e toda a ciência, e tivesse toda a fé, até ao ponto de transportar
montanhas, se não tivesse amor, não seria nada.

E, ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres,
e entregasse o meu corpo para ser queimado,
se não tivesse amor, nada me aproveitaria.

Carta de São Paulo aos Coríntios (ICor 13, 1-13)

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

FERIR UM CORAÇÃO


"Há muitas maneiras de ferir um coração.
As histórias estão repletas de corações
feridos pelo amor, mas o que realmente
fere um coração é tirar-lhe o sonho -
seja qual for o sonho."
(Pearl S. Buck)

terça-feira, 17 de agosto de 2010

AMO PESSOAS!

Lady Foppa

Amo pessoas que acordam no meio da noite, só para escutar o barulhinho da chuva no telhado… Elas sabem ouvir o canto de Deus…

Amo pessoas que fazem do presente um caminho para o futuro, com algumas trilhas secundárias e até alguns atalhos… Elas entendem de liberdade…

Amo pessoas que escrevem sua história sem ignorar os borrões, fazendo deles uma lição de vida… Elas jamais serão esquecidas.

Amo pessoas a quem posso chamar de amigos, que vêem mais qualidades que defeitos em mim… Elas enfeitam dia a dia o caminho que trilho…

Amo pessoas que sabem conviver, tolerando o que for intolerável, encontrando uma justificativa para resgatar a harmonia… Elas entendem de perdão…

Amo pessoas de todas as idades, essas que não sabem a idade que tem velhos, adolescentes, crianças… Elas sabem se encaixar no tempo…

Amo pessoas que quando perdem a fé, engravidam o coração e conseguem parir um novo,para ensinar e aprender… Elas sabem que não se perde para si mesmo…

Amo pessoas que cantam no chuveiro, que olham o espelho e se acham linda se sorriem para o espelho refletir seu sorriso… Elas com certeza receberão sorrisos, sem espelho…

Amo pessoas que valorizam riquezas só do espírito e ignoram a miséria das almas… Elas entendem que pobre é aquele que só possui bens materiais.

Amo pessoas que cuidam da natureza, que espalham sementes, plantam árvores e florescem o mundo… Elas colherão frutos doces, independente das estações.

Amo pessoas de mãos generosas no doar, no afeto e no oferecer… Elas entendem que o presente fica em parte com quem recebe… fica mais com quem doa…

Amo pessoas que não tem medo de se arriscar, de mudanças…de finais… nem recomeço.Elas jamais dirão: Como seria, se eu tivesse tido coragem…

Amo pessoas que ficam olhando o horizonte de bobeira, que deitam na grama para olhar nuvens passar ou contar estrelas… Elas conhecem e muito, de paz…

Amo pessoas que não gostam de julgar…gente preguiçosa que lega a Deus essa tarefa…Elas sabem que Ele resolve tudo, no tempo Dele e não no delas…

Amo pessoas que misturam pais, filhos, netos, primos, tios, avós, que brigam, se desculpam e que não se separam… Elas sabem a importância da família…

Amo pessoas que escutam passarinho quando canta que olham o sol quando levanta e que brincam de faz de conta com criança… Elas sabem que ser feliz é simples…

Amo pessoas que estimam os animais, sem olhar a raça, que afagam suas cabeças como um amigo…Elas sempre serão recebidas com uma lambidela de carinho…

Amo pessoas que soltam bolinhas de sabão, pipas coloridas e param para escutar a música do realejo… Elas brincam com a criança interior da alma e a impede de crescer…

Amo pessoas que iluminam o olhar diante da pessoa amada, que beijam na boca e não estão nem ai para a platéia, para julgamentos, ou ridículo… Elas amam amar o amor…

Amo pessoas que não sabem odiar, que falam com anjos em qualquer lugar e sabem que eles ouvem, tanto que me pediram para escrever… QUE OS ANJOS TAMBÉM AS AMAM!


segunda-feira, 16 de agosto de 2010

PARA SE GUARDAR UM AMOR

© Letícia Thompson

A gente nunca deveria se acostumar com o amor. Deveríamos ter sempre essa sensação de novo, novidade, como se, cada manhã, descobrindo o nascer do dia, nos extasiássemos diante do espetáculo como se ele jamais tivesse acontecido antes.

Falta cuidados com o amor, com a nobreza dele e é por isso que ele se apaga. O frio no estômago passa logo que o amor toma posse, o coração bate menos rápido com o decorrer dos dias, a saudade precisa de mais tempo para ser sentida e os hábitos se instalam.

A diferença básica entre homens e mulheres é que a primeira parte é mais racional, vê e ouve somente o que quer, se satisfaz com mais facilidade fisicamente e a segunda... ah, a segunda!... essa é a guardadora dos sonhos que faz com que muitos relacionamentos continuem até depois que o sentimento acabou.

As mulheres trazem quase sempre escondido no peito a caixinha de promessas dos primeiros encontros, dos primeiros suspiros, primeiras palavras trocadas, elas guardam datas, tentam adivinhar os desejos, se especializam em surpresas e esperam secretamente ser adivinhadas.

Algo que aprendi com o tempo foi que o amor não é um conjunto de compatibilidades, mas a aceitação das incompatibilidades. Não amamos a outra pessoa quando ela tem algo que nos agrada, mas quando o que não nos agrada torna-se menos importante, mesmo se continua a existir. O amor está na diferença do contrapeso.

É preciso, para se guardar um amor, ter-se a memória fraca para certas coisas e um coração desesperadamente atento para outras. É preciso conhecer certos detalhes e dar-lhes a devida importância, apreciar o pôr-do sol como se fosse a primeira vez e se dar as mãos como se elas nunca se tivessem separado.

SOBRE A ALEGRIA E O AMOR


Assim como é preciso alguma crueldade para viver,
assim como há sempre alguma agressão embrulhada
em qualquer vitória, assim, também,
a alegria precisa de alguma inconseqüência.
De outro modo, restará apenas a lucidez,
que é sempre repleta de ‘trágicos deveres’.
Libertando-nos da plena consciência,
a inconseqüência nos permite alguma alegria possível.

Por isso, o amor não está ligado à alegria.
É que o amor não busca a alegria. Busca a felicidade.
Os que buscam a alegria devem desistir do amor.
O amor é um sentimento ligado à lucidez, aos trágicos deveres,
à renúncia, à compreensão das contradições.

Amor é empreendimento da mais difícil das escaladas,
a que tem como meta não chegar a parte alguma, talvez.
É, sim, capaz de suscitar aquele sentimento que se mistura
absolutamente à vida, tornando-se corriqueiro, natural, mal
percebido, cotidiano, sem grandezas, feitos extraordinários,
emoções particulares ou excitantes. Mas permanente.
E feliz.

O amor, só ele, mantém juntas as pessoas que já não
dependem das hipnoses do próprio sentimento para senti-lo.
No dia em que elas descobrirem o amor que estala dentro da relação
aparentemente pacificada, talvez comecem a descobrir a beleza,
a grandeza e a profundidade do que têm em comum.
Só aí sentirão as emoções verdadeiras do mais
profundo, difícil e complexo dos sentimentos.

Aqui reside, pois, a complicação do amor.
Ele só é descoberto quando ultrapassa o amar.
Só aparece quando a perda ameaça se instalar.
Só se torna visível quando ameaça desaparecer.
Está onde menos se espera. E é profundo, vital, doador, salvador.
Independe de exaltações. Como fonte, flui sem parar. Sereno.

É preciso muito viver, muito desilusionar-se, muito gostar,
muito sentir, muito experimentar, muito perder, muito
entediar, muito renunciar, para encontrar o próprio amor.
Falo do amor guardado não se sabe em que dobra da gente.
Arthur da Távola

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

GANDHI


"Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo
para a vitória é o desejo de vencer!"
(Mahatma Gandhi)

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

HÁ PESSOAS...

"Há pessoas que nos falam e nem as escutamos,
há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam,
mas há pessoas que simplesmente aparecem
em nossas vidas e nos marcam para sempre."
Cecília Meireles

terça-feira, 10 de agosto de 2010

JOSÉ SARAMAGO PRA VOCÊ

"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara."

"Se tens um coração de ferro, bom proveito.
O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia."

"As palavras proferidas pelo coração

não tem língua que as articule, retém-nas
um nó na garganta e só nos olhos é que se podem ler."

"O que dá o verdadeiro sentido ao encontro é a busca,
e é preciso andar muito para se alcançar o que está perto." "

"Há esperanças que é loucura ter. Pois eu digo-te que se
não fossem essas já eu teria desistido da vida."
José Saramago

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

PAPAI DE PRIMEIRA VIAGEM

Papai de primeira viagem não traz muita coisa na bagagem.

Ele traz uma mistura de alegria e incertezas. E agora?
Ele não sabe se vai saber ser pai, não sabe que ser pai não se aprende assim,
que é um aprendizado diário e constante.

Ele traz um coração batendo mais forte, com ansiedades e um mundo de perguntas.
Ele quer o melhor para sua continuidade, quer trabalhar duro e
dizer com muito orgulho para o mundo todo
que encontrou um objetivo para viver a vida.

Ah!... O papai de primeira viagem traz o sorriso nas orelhas e
lágrimas nos olhos, mesmo se o ensinaram que os homens não choram.
Mas ele chora... ao primeiro contato, à primeira visão,
na procura dos seus traços, suas marcas que continuarão sua caminhada na terra.

O papai de primeira viagem é um homem feliz.
E mesmo se as inseguranças do mundo se fazem presentes,
ele se prepara, como um guerreiro, para defender e
oferecer o melhor dele mesmo para o maior presente
que ele mesmo recebeu da vida: um filho!

Letícia Thompson

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

DO AMOR QUE É AMOR

Paulo Roberto Gaefke
Não tenha vergonha de declarar o seu amor,
nem medo de vivê-lo intensamente,
ainda que no passado uma dor tenha machucado tanto,
que uma barreira invisível,
acabou separando você e o seu coração.
Nem tenha medo de parecer tolo,
ao se pegar sonhando em pé,
lembrando um doce momento,
nem se pegue assustado na fidelidade,
amor é assim mesmo,
quando é amor não tem espaço para mais um.

Quando estiverem longe,
não se desespere com a saudade,
a saudade é a certeza de que temos alguém em algum lugar,
para lembrar e ser lembrado,
amar e ser amado,
voltar e reencontrar…
Não esconda as lágrimas,
ao ouvir aquela música no rádio,
que marcou tantos momentos,
nem se envergonhe delas.
Deixe-as expressar a ternura,
lavando o coração e alimentando a esperança.
E quando se encontrarem, fale do seu dia,
mas saiba ouvir, e quando ouvir, ouça atentamente,
e quando for gentil, seja doce,
e quando faltarem palavras,
deixem os olhos falarem,
eles não escondem nada,
declaram tudo sem nenhum som,
e se os lábios se colarem,
e se o coração disparar demais,
ainda assim, deixe o amor extravazar,
vazando pelas gotas de suor que une os corpos,
amor não se gasta, se basta.
E se um dia, você não souber expressar esse amor,
peça ao vento que leve carícia aos cabelos da pessoa amada,
que os pássaros levem melodias delicadas,
que o mar em sua força possa beijar os seus pés com suavidade,
e toda a natureza, que é criação divina e fruto do amor,
leve um grito da sua alma apaixonada:
eu te amo,
e traga de volta no eco da emoção de alguém:
eu também!

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

SEGUE

"Segue o teu destino...
Regue as tuas plantas;
ama as tuas rosas.
O resto é sombra
de árvores alheias."
(Fernando Pessoa)

terça-feira, 3 de agosto de 2010

DENTRO E FORA

(Luan Jessan)
Por fora, tenho tantos anos
que você nem acredita.
Por dentro, doze ou menos,
e me acho mais bonita.


Por fora, óculos;
algumas rugas,
gordurinhas,
prata nos tintos cabelos.
Por dentro, sou dourada,
alma imaculada,
corpo de modelo.

Por fora, em aluviões,
batem paixões contra o peito.
Paixões por versos, pinturas,
filosofia e amigos sem despeito.
Por dentro, sei me cuidar,
vivo a brincar, meio sem jeito.
Não me derrota a tristeza;
não me oprime a saudade;
não me demoro padecente.
E é por viver contente
que concluo sem demora:
é a menina
que vive por dentro,
que alegra
a mulher de fora!