segunda-feira, 28 de maio de 2012

MOMENTOS


Há momentos onde o cansaço excede
a esperança de estar em paz.

Há momentos onde a tristeza alcança
a doce alegria que nos acompanha.

Há momentos onde somos obrigados a dar limites,
quando na realidade gostaríamos de seguir livre
pelos caminhos que escolhemos.

Há momentos onde falar mais alto
parece ser mais importante que calarmos
na doçura do silêncio e da compreensão.

A paz não é vazia,
anterior a ela existe um longo aprendizado,
por isto a necessidade de tantos momentos vividos...

Dá alívio saber que nada é para sempre.
Dá alegria saber que tudo é possível de mudanças.
Dá tranqüilidade saber que podemos aprender e re-aprender,
lapidando dia a dia a pedra bruta
que oculta o diamante que trazemos dentro de nós .

Renascer a cada momento,
eis a fonte de onde brota o conhecimento tão necessário
para que possamos seguir cada vez mais confiantes e serenos...

(AD)

domingo, 27 de maio de 2012

CORAGEM


Letícia Thompson

Mudar uma vida em curso é um ato de coragem, todos dizem.
Ousar dizer "não", procurar outros caminhos, ver além do horizonte outras possibilidades e prosseguir com a cabeça erguida é uma atitude que requer muita força interior, pois significa ir contra pessoas, costumes e hábitos que deixamos se instalar no nosso dia-a-dia. Coragem ou ousadia?

Talvez os dois, pois sem ousadia é impossível se ter uma ideia e levá-la adiante; sem coragem não conseguimos forças para lutar pelos nossos ideais e sonhos. Dizem que só os fortes são capazes de tais atos. Talvez seja verdade, quem sabe?!

Mas aqueles que ficam, que se deixam levar pelas correntezas da vida, mesmo quando não se sentem felizes, que se sentem incapazes de uma atitude ou um gesto que possa fazer uma diferença, mesmo que pequena, eu não diria que são covardes ou que deixaram de ser corajosos...

Por que na verdade é preciso ter muita coragem para abrir mão e abandonar os próprios sonhos, dos próprios desejos, de um amor talvez e da própria definição de felicidade. É preciso muita coragem para se ficar onde se está, olhar o horizonte e acreditar que ele está muito longe e inacessível.

Tentar mudar o próprio destino talvez seja um ato de bravura; coragem mesmo é correr o risco de se olhar no espelho daqui a dez ou vinte anos e se dizer que a vida passou muito rápido e que talvez as coisas pudessem ter sido diferentes se a gente tivesse apenas ousado, nem que fosse por uma vez, mudar o curso das coisas.




domingo, 20 de maio de 2012

QUE AS LÁGRIMAS...


Que as lágrimas não nos impeçam de nos lembrar que uma pessoa que chega na nossa vida é um presente que nos foi oferto.

Há presentes assim valiosos que não duram muito, quando nossos corações desejariam que durassem eternamente e ignoramos por que eles se vão quando a vida parece apenas começar. Mas se nos perdemos nesse mundo de questões sem respostas, a dor será muito maior que as lembranças de tudo o que a vida nos permitiu juntos enquanto durou a caminhada na Terra.

Se tivéssemos que voltar atrás, teríamos preferido não ter encontrado, não ter conhecido, somente por que não pudemos guardá-lo no nosso seio mais tempo?

Não...
O vento passa, mas nos refresca; a chuva vem e vai, mas sacia a terra. O importante mesmo não é a quantidade de tempo que as coisas ou pessoas duram, mas a riqueza que elas trazem à nossa alma, o amor que nos permitimos dar e o que aceitamos receber.

As dores das partidas definitivas são indizíveis, indefiníveis, mas que elas nunca nos impeçam de nos lembrar da vida compartilhada.

Que as lágrimas não nos impeçam de sorrir novamente um dia quando a dor for mais amena e as lembranças felizes começarem a voltar, como as flores no jardim a cada primavera.

A eternidade existe para que esperemos por ela, para que tenhamos o consolo de saber que um dia, se o Deus-Pai permitir, Ele que nos ama de amor infinito, poderemos novamente nos encontrar.

 © Letícia Thompson 

SAUDADES


Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida. Quando vejo retratos, quando sinto cheiros, quando escuto uma voz, quando me lembro do passado, eu sinto saudades...

Sinto saudades de amigos que nunca mais vi, de pessoas com quem não mais falei ou cruzei... Sinto saudades da minha infância, do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro, do penúltimo e daqueles que ainda vou ter, se Deus quiser...

Sinto saudades do presente, que não aproveitei de todo, lembrando do passado e apostando no futuro...

Sinto saudades do futuro, que se idealizado, provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser...

Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei! De quem disse que viria e nem apareceu; de quem apareceu correndo, sem me conhecer direito, de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.

Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito! Daqueles que não tiveram como me dizer adeus; de gente que passou na calçada contrária da minha vida e que só enxerguei de vislumbre!

Sinto saudades de coisas que tive e de outras que não tive mas quis muito ter! Sinto saudades de coisas que nem sei se existiram. Sinto saudades de coisas sérias, de coisas hilariantes, de casos, de experiências...

Sinto saudades do cachorrinho que eu tive um dia e que me amava fielmente, como só os cães são capazes de fazer!

Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar! Sinto saudades dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar.

Sinto saudades das coisas que vivi e das que deixei passar, sem curtir na totalidade.

Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que... não sei onde... para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi... Vejo o mundo girando e penso que poderia estar sentindo saudades em japonês, em russo, em italiano, em inglês... mas que minha saudade, por eu ter nascido no Brasil, só fala português, embora, lá no fundo, possa ser poliglota.

Aliás, dizem que costuma-se usar sempre a língua pátria, espontaneamente quando estamos desesperados... para contar dinheiro... fazer amor... declarar sentimentos fortes... seja lá em que lugar do mundo estejamos.

Eu acredito que um simples "I miss you" ou seja lá como possamos traduzir saudade em outra língua, nunca terá a mesma força e significado da nossa palavrinha. Talvez não exprima corretamente a imensa falta que sentimos de coisas ou pessoas queridas. E é por isso que eu tenho mais saudades... Porque encontrei uma palavra para usar todas as vezes em que sinto este aperto no peito, meio nostálgico, meio gostoso, mas que funciona melhor do que um sinal vital quando se quer falar de vida e de sentimentos. Ela é a prova inequívoca de que somos sensíveis! De que amamos muito o que tivemos e lamentamos as coisas boas que perdemos ao longo da nossa existência...

Clarice Lispector

terça-feira, 1 de maio de 2012

CLARICE LISPECTOR


"Quando se ama não é preciso entender o que se passa lá fora, pois tudo passa a acontecer dentro de nós."
Clarice Lispector