segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

OS NÓS DE NÓS

© Letícia Thompson

Quando queremos que alguma coisa fique ancorada à nossa vida, fazemos de tudo para mantê-la presa à nós. Criamos laços e os apertamos com todo nosso coração.

Os nós fazem parte de nós.

Infelizmente, nem tudo o que se apega a nós é bom e útil. Se prezamos ter laços afetivos e pedaços de memórias agarradas definitivamente à nossa pele, há aqueles nós que se apegam sem que nossa permissão seja pedida e sem que tenhamos forças para desatá-los. Esses nos acompanham e nos adoecem.

Viver com nós na garganta, que não descem e nem saem, nos deixa deficientes. Avançamos em algumas outras coisas, mas o não resolvido fica, como um espinho na carne.

Aquilo que não conseguimos engolir é o perdão que não conseguimos oferecer, é o esclarecimento que nunca nos foi dado, são os porquês nunca respondidos.

A gente caminha, mas sente que algo ficou pra trás e muitas das dores de garganta que não conseguimos curar são emoções presas das quais não soubemos nos livrar. O que fica atravessado diante de nós é o peso que carregamos por vezes por anos e anos.

O dia bendito em que conseguimos colocar em palavras e lágrimas aquilo que nos ofendeu, entrou em nós e ficou, o sol desponta no horizonte como se fosse seu primeiro dia.

Ah, Deus, se tivéssemos sempre a coragem de abrir nosso coração e gritar nossa mágoa, quão mais leves e sãos poderíamos viver!

Por que esse medo de expôr o que nos desagrada? Por que temer ferir o outro quando estamos, nós mesmos e inteiramente, sangrando? Por que a felicidade alheia, se felicidade alheia há, é mais importante que a nossa?

Grande parte dos nossos problemas, das nossas doenças até físicas, são falta de comunicação. Por que não dizemos, não passamos ao outro o que sentimos, não falamos do sentimento de injustiça que sentimos e do quanto isso nos abala.

Falar é importante. No bom momento, claro, que com sabedoria deve ser escolhido, mas é muito importante. O que não dizemos, o outro não é obrigado a adivinhar e isso nunca podemos cobrar.

Os nós não resolvidos atam nossa vida a um certo momento. Não crescemos como convém e mesmo nosso riso é sempre manchado por uma pinta de tristeza que traduz nosso olhar.

Quando sentiu que tinha que se revoltar no Templo, Jesus se revoltou, nenhuma palavra poupou; quando a dor e tristeza foram grandes demais no seu seio, Ele chorou; quando o cálice tornou-se por demais amargo, falou com o Pai...

A liberdade só nos chega quando liberamos nosso ser, quando oferecemos ao outro o direito de ouvir, perdoamos o que deve ser perdoado e aceitamos o que deve ser aceitado.

Se criamos a coragem de desatar, devagar, certo, mas desatar, um a um os laços que nos incomodam, liberamos uma a uma as ansiedades, os males que nos doem física e psicologicamente.

Nessas horas nosso coração bate de maneira diferente, respiramos mais ar puro e nossos olhos se abrem para novos horizontes. Só um pequeno passo, um muito de coragem e uma nova vida pode começar.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

RELACIONAR: ARTE DIFÍCIL!


Dom Anuar Battisti - Arcebispo de Maringá

Nestes tempos de ativismo exagerado, onde não se tem tempo, nem para deliciar um jantar com os amigos, desta forma, coloca-se em cheque também o valor bonito do encontro e de relações amigáveis duradouras. Entre idas e vindas, a solidão e a aproximação jogam um papel definitivo na busca de um relacionamento verdadeiro.

Tanto uma como a outra são carregadas de significados positivos e negativos. Nem sempre se consegue o equilíbrio exigido, que pode ser comparado ao de um malabarista ao transpor um espaço vazio pisando em corda bamba. Quantas vezes tudo termina em frustrações e desencantos como também em alegrias e satisfações.

A relação humana é uma arte em que aprendemos viver juntos com os outros. Toda relação humana é fonte de problemas, conflitos e realizações. Buscamos o outro porque temos solidão, o frio inverno da angústia.

Queremos sair do silêncio ensurdecedor do isolamento, na pretensão de satisfazer as carências do amor/gratidão. Muitas vezes falta a pedagogia do saber esperar. Assim a busca demasiada de aproximação pode provocar sufocamento, ou seja, um exagerado esperar do outro pelo excesso de apego. Por isso que relar demais machuca e dói. Relar nunca foi relacionar-se.

Relacionar-se com certa distância por sua vez, aquece. Solidão e isolamento constituem uma experiência essencial para o relacionamento humano. A solidão é a experiência que potencializa e proporciona o encontro e a comunicação com o outro.

A experiência de solidão remete à individuação e a uma ruptura com o estado de fusão com o outro. Somos seres separados e não colados. A experiência da solidão é a capacidade de amar com independência e autonomia, elaborando a dor da ausência entre o eu e o outro.

O mundo das relações vem carregado do medo de estar só. Ao mesmo tempo a aprendizagem na solidão e no isolamento, quando vividos intensamente não como fuga e sim como encontro consigo mesmo é capaz de fecundar o nascer de relações reveladoras do divino presente em cada ser humano.

Na medida em que revelamos o que realmente somos e temos, não com a razão, mas com o coração capaz de amar e ser amado, teremos a certeza de construir a base firme de uma vida de relações realizadoras, plenificando toda existência.

Acredito que a realização pessoal está em construir pontes entre corações que sabem curtir e assumir juntos os conflitos. Enquanto não estabelecer o direito de ser feliz junto, na busca constante de revelar o mais profundo do ser humano, do meu ser gente, nunca a gratuidade do amor de Deus encontrará espaço para transformar o humano em divino.

Quantas situações poderiam ser resolvidas de maneira simples e direta se o coração humano soubesse que jamais está sozinho. "Eu estarei convosco todos os dias até o fim dos tempos", diz o Senhor. Preciso viver a solidão, não como fuga e sim como graça. Preciso me aproximar, não como compensação e sim como complemento. Preciso de relações com o outro e com o totalmente outro para revelar o que sou e compreender o que Deus fez e faz em mim cada dia.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

QUEM MEXEU NO MEU QUEIJO?

SONHOS DE PAPEL


A folha de papel em branco aceita qualquer escrito,
idéias malucas, sonhos ufanistas, desejos secretos,
pode guardar um sonho que só vai virar realidade,
muitos anos depois, ou ser esquecido...
A folha de papel pode receber uma nova história,
um "best-seller" mundial falando de escola de bruxos,
ou um relato humilde de alguém que precisa desabafar...

Assim também é o dia de hoje;
cheio de possibilidades para os que querem enxergar portas,
cheio de dificuldades para quem quer enxergar barreiras.

O dia é uma folha em branco onde seus sonhos mais loucos,
podem começar a tomar forma, ou morrer soterrado,
sem mesmo ter tentado, sem mesmo ter existido,
amassado pelo peso do "não tentar".

Tome o seu dia pelas mãos.
Como pipa que o menino não cansa de cuidar,
como quem carrega um tesouro que não pode perder,
como quem leva o seu amor pelas mãos,
como quem baila com a pessoa amada,
como quem sorri até mesmo diante da dor,
sabendo que o tempo vai levar o sofrimento,
vai deixar a saudade, uma forma gostosa de tortura,
que envolve a paixão e o amor.

O dia está aberto para você escrever a sua história!
Se é para ser um romance, que seja meloso e com final feliz.
Se é para ser um drama, que seja da superação, da sua vitória,
se é de terror, que seja passageiro, como montanha russa,
se é de pura realidade, que seja cheio de desejos,
cheio de vontade de dizer para o mundo:
- eu sou o personagem principal da minha vida,
sou o diretor deste filme lindo,
sou o roteirista que grita:
eu sou feliz!

O Oscar de melhor filme deste ano é o que fala da sua vida.
Você duvida?
É tempo de vencer, e escrever a sua história.
Eu acredito em você
Paulo Roberto Gaefke