segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

GAIOLA FECHADA

Maria Madalena Ferreira dos Santos

A gaiola era bonita, espaçosa e dourada,
nela, um pássaro amado.
Cantava o tempo inteiro, pulando pra lá
e pra cá, no poleiro.
A comida era farta, a água era limpa,
a vida não tinha segredo.
Da gaiola via o sol chegar de mansinho,
o céu era imenso, azulzinho...
Quando a chuva molhava o jardim, as
flores agradeciam, sentia o perfume delas.
Borboletas iam e vinham, os colibris
disputavam os beijos das flores com elas.
Crianças brincavam na rua, namorados
passavam na calçada de mãos dadas.
O dia corria lépido e faceiro, a noite o
aconchegava no poleiro.
Mas, de vez em quando uma tristeza danada
invadia o seu peito...
A gaiola era dourada, a comida era farta,
mas, a porta, estava sempre fechada.